Na manhã do feriado da sexta-feira santa (18), a Polícia Militar de São Paulo, sob o comando do governador Tarcísio de Freitas, promoveu grande repressão contra a população da favela do Moinho, a última localizada no centro da capital. A operação de guerra contou com dezenas de viaturas, a presença da divisão mais sanguinária da PM, a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA), bem como, da sua irmã siamesa recentemente, o Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP). A ação colocada em marcha pelo Governo tem como propósito disseminar o terror e expulsar os moradores do terreno para atender os interesses de capitalistas do setor imobiliário.
Em meados de fevereiro deste ano, o Secretário de Estado de Projetos de Projetos Estratégicos, Guilherme Afif Domingos, durante um seminário do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), havia afirmado: “Vai acabar com a favela do Moinho, sim. É spoiler”. Diante da declaração, o governo comunicou oficialmente o interesse de construção de um parque público e uma estação para integrar as linhas de trem 7 (Rubi) e 8 (Diamante) da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Assim, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) ficaria responsável pela realocação das famílias afetadas.
A proposta do CDHU, para resolução do problema dos moradores, prevê a aquisição pelas famílias de imóveis cujo valor é da ordem de 200 mil reais. Evidentemente, uma solução inviável para uma população que vive em condições extremamente precárias, vivendo sem ou com salários insuficientes para manutenção de sua própria existência. Desta forma, os moradores estão se mobilizando e buscando dar uma resposta ao governo de São Paulo realizando atos e denunciando a situação.
Diante disso, o governo Tarcísio de Freitas resolveu dar uma contra resposta à resistência do povo. Desde quinta-feira (17), viaturas da PM foram colocadas ao redor do Moinho promovendo um verdadeiro cerco. Na manhã seguinte, dezenas de policiais invadiram a favela e promoveram grande repressão aos moradores com gás pimenta e agressões físicas, a ação teve respaldo da ROTA e do BAEP. O Diário da Causa Operária recebeu áudios exclusivos de moradores denunciando e pedindo socorro durante a operação.
“A polícia está dentro do Moinho, a polícia está oprimindo os moradores, a polícia está batendo em moradores. Se alguém puder ajudar a gente, chegue aqui, por favor. Pelo amor de Deus, venha ajudar a gente. A polícia está dentro do Moinho, está batendo. Tocando o Terror”, denuncia um morador. “A gente tá pedindo socorro. Pelo amor de Deus, socorro. Socorro pro Moinho. Socorro!”, clama outro.
Ao final da invasão, a PM apresentou a prisão de um suposto traficante como forma de justificar a repressão. Os moradores denunciaram que os policiais ameaçaram com a reintegração de posse do terreno, onde funcionava o Moinho Matarazzo, uma importante indústria que funcionava desde o início do século XX, ocupada pelos moradores há décadas.
Esse desfecho revela muito sobre a política, que é bastante notório, no que diz respeito ao combate às drogas, um pretexto para a repressão contra a população pobre. Ao mesmo tempo, joga luz sobre as operações “Verão” e “Escudo”, as duas maiores chacinas oficiais da PM depois do “Massacre do Carandiru”. Há denúncias de que essas ações criminosas teriam como objetivo expulsar a população dessas regiões para atender os interesses dos especuladores imobiliários.
Neste sentido, deve-se questionar qual a diferença entre a política de Tarcísio de Freitas e do regime israelense que busca expulsar os palestinos da Faixa de Gaza. É importante destacar que setores da esquerda chegaram a flertar se aliar com o governador de São Paulo para combater o “fascismo” de Bolsonaro. E esse é também o nome que a burguesia mais importante, os banqueiros e o grande capital, buscam impulsionar para as eleições de 2026, um assassino e privatizador que poderia ser caracterizado como “bolso-tucano”, um “Milei brasileiro”.