Na última sexta-feira (11), o imigrante senegalês Ngange Mbaye, de 34 anos, foi morto com um tiro disparado por policiais militares na região central de São Paulo, enquanto tentava impedir a apreensão do carrinho de mercadorias de uma ambulante. O caso, ocorrido na Rua 25 de Março, gerou protestos de trabalhadores da área, que denunciam mais um episódio de violência policial contra a população pobre e negra.
Mbaye estava almoçando próximo ao local quando viu policiais abordando uma vendedora ambulante, que teria suas mercadorias confiscadas. Segundo testemunhas, ele interveio para proteger a mulher, aproximando-se dos agentes com uma barra de ferro.
Um dos policiais então disparou contra Mbaye, atingindo-o no peito. Ele foi levado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu. A ação desencadeou revolta imediata entre ambulantes e moradores, que bloquearam ruas em protesto, enfrentando repressão com bombas de gás e cassetetes.
A camelô Maria de Souza, que presenciou o ocorrido, declarou ao portal da Globo g1: “ele só quis ajudar a moça, que estava desesperada. Não precisava atirar, ele não atacou ninguém”.
Outra testemunha, o ambulante José Carlos Lima, afirmou ao mesmo veículo: “a polícia chegou já querendo briga, como sempre. O rapaz tentou conversar, mas atiraram sem pensar”.
Por meio de nota publicada no jornal Folha de S.Paulo, os agentes afirmando ter assassinado o rapaz em “legítima defesa”, alegando que Mbaye teria ameaçado os homens armados com uma barra de ferro. A corporação abriu um inquérito policial-militar para apurar o caso e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou que o policial envolvido foi afastado temporariamente.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, em 2024, a PM de São Paulo foi responsável por nada menos que 512 mortes (oficialmente, porém o número real é sabidamente muito maio) em operações, sendo 60% das vítimas negras ou pardas. O caso de Mbaye, que vivia no Brasil há cinco anos e trabalhava como ambulante, reforça o caráter criminoso das forças de repressão.
Segundo a Defensoria Pública, apreensões de mercadorias na 25 de Março aumentaram 30% desde 2023, com relatos frequentes de abusos policiais. Organizações como a Associação dos Imigrantes Senegaleses no Brasil exigiram justiça.
Em entrevista à Rede Brasil Atual, o presidente da entidade, Mamadou Diop, afirmou: “Ngange era um homem trabalhador, ajudava todo mundo. Queremos que esse crime não fique impune”.
Diante de um crime tão brutal e demonstrativo da natureza criminosa da polícia, é necessário exigir o fim da PM, essa verdadeira tropa de guerra voltada contra o povo. É preciso também organizar os trabalhadores em comitês de autodefesa, para enfrentar essa máquina de matar gente pobre e preta que age todos os dias com a proteção do regime.