Brasil

PL Antifacção é mais um crime do imperialismo

Projeto de lei é parte do farsesco combate ao crime organizado

No relatório do Projeto de Lei Antifacção, elaborado pelo deputado federal Guilherme Derrite (Progressistas-SP), aparece a tese de que “o Brasil enfrenta uma das fases mais graves da sua história recente no campo da segurança pública” porque “as organizações criminosas ultraviolentas deixaram de ser agrupamentos desarticulados e passaram a operar com estrutura hierárquica, recursos financeiros vultosos e logística avançada”. O texto diz ainda que “o fenômeno ultrapassou o limite da criminalidade comum e assumiu contornos de ameaça direta à autoridade do Estado”.

Trata-se de uma tese mentirosa. O Comando Vermelho foi fundado na década de 1970, há meio século. O crime organizado no Rio de Janeiro, por sua vez, existe há mais de dois séculos. O controle do jogo do bicho, por exemplo, sempre foi uma atividade que rendia muito dinheiro. Trata-se, portanto, de crime organizado. O controle do jogo do bicho sempre teve tudo aquilo que o PL apresenta como característica de uma facção de crime organizado: hierarquia, recursos financeiros vultuosos etc.

Fica, então, a pergunta: por que os autores do PL decidiram contar essa história mentirosa? Se a ideia de que o crime organizado é um fenômeno novo, o que justifica o projeto de lei?

A resposta é simples: a burguesia imperialista, logicamente que com a ajuda do capital nacional, decidiu entrar em uma fase de intervenção em vários países do mundo, particularmente nos países latino-americanos, e vai usar como grande instrumento de penetração a luta contra o crime organizado. O PL Antifacção é o resultado de uma nova política do imperialismo: o combate ao crime organizado. Este, por sua vez, é uma continuidade da guerra contra as drogas.

A guerra contra as drogas levou à militarização completa da Colômbia, a criação de poderosos grupos paramilitares, ao estabelecimento de uma verdadeira ditadura sanguinária contra a população e o domínio do país pelos serviços de informação norte-americanos. E tudo isso foi utilizado para quê? Para acabar com a venda de drogas? Não. Para acabar com as FARC, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Foram as forças norte-americanas em território colombiano que acabaram com as FARC.

A droga continuou. É um negócio cada vez mais lucrativo. A guerra contra as drogas não surtiu efeito nenhum em relação ao consumo de entorpecentes. Ela apenas provocou um efeito político: acabar com uma oposição armada ao regime, que era uma ditadura.

O combate ao crime organizado é uma espécie de segunda guerra contra as drogas. Essa mudança na propaganda se deve a alguns fatores. O primeiro deles é o fato de que a guerra às drogas em si não tem apelo popular. O Brasil não é propriamente um país produtor de drogas. Ele é mais um entreposto. A droga vem de países como Colômbia e Peru, passa pelo Brasil e, assim, segue destino rumo à Europa. O Brasil é um centro de distribuição de drogas e não um centro produtor. Para fazer uma guerra contra as drogas, não faz sentido atacar o distribuidor.

O segundo fator reside no fato de que a guerra contra as drogas já é uma o tipo de operação ideologicamente muito desgastado, porque o que aconteceu na Colômbia foi muito negativo.

A propaganda da guerra contra o crime organizado tem várias vantagens em relação à guerra contra as drogas. Uma delas é o fato de que ela permite não apenas impulsionar a campanha contra o tráfico de drogas, mas também a campanha contra a lavagem de dinheiro.

O problema da lavagem de dinheiro é um problema político. A Rússia hoje está sob sanções, está excluído do sistema de pagamento Swift, assim como Irã, Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua e Iêmen. Se o governo russo precisar enviar algum dinheiro para ajudar a Venezuela, como ele poderá fazer isso sem que conste no sistema financeiro geral? É preciso recorrer à lavagem de dinheiro. Como é possível mandar dinheiro para apoiar um grupo de resistência, como o Hesbolá? Da mesma forma.

Esse é o problema central. Crime, para o imperialismo, não é o problema. O que prova isso é que a CIA contratou a máfia norte-americana para tentar assassinar Fidel Castro.

À medida que a situação internacional vai se agravando, o imperialismo não pode tolerar que haja países que financiem a oposição dentro de outros países. E não só a oposição armada. Os russos, por exemplo, têm interesse em apoiar o setor pró-russo contra o setor pró-OTAN no Leste Europeu. Só que o setor pró-OTAN recebe o dinheiro normalmente através de ONGs. O imperialismo tem um sistema legal. Os russos não têm. Trata-se de uma tentativa de bloquear o financiamento de oposições nos diversos países.

O PL Antifacção é parte de uma operação de grande envergadura, que é uma espécie de guerra não declarada que ainda não assumiu a forma militar internacional — isto é, de guerra.

Ao invés de invadir todos os países, o imperialismo vai procurar controlar a maioria deles através de meios indiretos. A guerra contra o crime organizado um meio indireto de controlar esses países, de travar guerra contra a Rússia, contra a China, contra o Irã, contra o Hesbolá, contra o Hamas, os palestinos, contra o Iêmen, contra a Coreia do Norte, contra Cuba, contra a Venezuela. É uma declaração de guerra.

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