Trabalhadores da Petrobrás iniciaram, nesta quarta-feira (26 de março de 2025), uma greve de advertência de 24 horas. A paralisação, aprovada em assembleias pelas federações FUP (Federação Única dos Petroleiros) e FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), é uma resposta à postura da atual gestão da empresa, que, segundo os sindicatos, tem dificultado o diálogo e desrespeitado os processos de negociação coletiva.
Entre as principais reivindicações dos petroleiros está a manutenção da Remuneração Variável, cujo valor foi reduzido em 31%. Essa remuneração adicional ao salário base é atrelada ao desempenho individual ou corporativo. Os trabalhadores também demandam soluções para o déficit nos planos de previdência, que afetam aposentados e pensionistas, além da retomada de concursos públicos para recomposição do quadro de pessoal, significativamente reduzido nos últimos anos.
As mudanças no regime de teletrabalho também são alvo de críticas. O sindicato solicita a suspensão do cronograma de retorno ao trabalho presencial, que tem sido negociado individualmente, e pede a abertura de negociações coletivas para estabelecer novas regras que considerem os impactos sobre os funcionários. Em um vídeo divulgado pelo Sindipetro-RJ, a funcionária Luciana Frontin expressou preocupação com a exigência do retorno presencial, mencionando que a mudança tem causado “estresse” e “sintomas físicos” inéditos em seus 17 anos na estatal.
A categoria também denuncia a discrepância entre os lucros da Petrobrás e os valores destinados aos trabalhadores. Em 2024, a empresa pagou R$64,2 bilhões em dividendos aos acionistas, superando o lucro líquido de R$53,65 bilhões no mesmo período. Entre 2019 e 2023, foram distribuídos R$439,23 bilhões em dividendos, equivalentes a 87,85% do valor de mercado da companhia, estimado em R$ 500 bilhões. Esses números contrastam com os valores destinados ao programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos funcionários. Em 2024, empregados com remuneração abaixo de R$16 mil mensais receberam um mínimo de R$48 mil em PLR, enquanto em 2025 o piso subiu para R$ 52 mil, baseado em um limite salarial de R$17,3 mil.
Desde o início da Operação Lava Jato, a Petrobrás e suas subsidiárias reduziram significativamente seu quadro de funcionários. Até março de 2016, aproximadamente 170 mil postos de trabalho foram eliminados, representando uma diminuição de 61% no efetivo da empresa, que passou de 446,3 mil trabalhadores em dezembro de 2013 para 276,6 mil em fevereiro de 2016.
Em comunicado conjunto, as federações FUP e FNP afirmam que a greve busca protestar contra a postura da atual gestão da Petrobrás, que tem esvaziado os fóruns de negociação coletiva. O movimento também reivindica melhores condições de trabalho e segurança para todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás, destacando que em 2024, a empresa teve “731 acidentes de trabalho no setor de óleo e gás em 2024, com 78 feridos graves” e ainda “6 mortes”.




