Valéria Guerra

Jornalista (UMESP), historiadora, atriz com DRT-RJ, escritora, colunista do 247, PCO, e do meu site (https://guerraluz.prosaeverso.net/); mestre em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação; professora do Estado do RJ na cadeira de biologia, poetisa e ativista contra a desigualdade no Brasil e no mundo.

Coluna

Perdas descabidas

A justiça foi morosa, foi estéril em sua análise, e quando se conseguiu o direito, já era tarde

A morte é uma decorrência natural da senescência do corpo. A vida se faz presente a cada segundo. Estatisticamente, chegam ao mundo 260 novos humanos por segundo. E a biologia nos lega a possibilidade de existir (saudavelmente) por 80, 90, 120 anos. Há condições de sobrevivência distributiva, de maneira equânime, para todos em nosso país?

Aquele que aqui desembarca já encontra um sistema preestabelecido: um sistema burocrático e competitivo, gerador de lutas e guerras no contexto de intensa desigualdade.

O selvagem, o bárbaro, não desapareceram do pano de fundo da evolução humana — apenas mudaram de nicho. A ingenuidade da epistemologia (ramo da filosofia que estuda o conhecimento) reside aí, nesta grade de conceitos que classifica — e pronto. A amiga filosofia ética tem a missão hermenêutica e reflexiva de nos socorrer em suas quatro fases. A pedagogia do conceito poderia estar articulada em torno de quatro momentos didáticos: uma etapa de sensibilização; uma etapa de problematização; uma etapa de investigação; e, finalmente, uma etapa de conceituação (isto é, de criação ou recriação do conceito).

O que é ser selvagem? O que é ser bárbaro? Do ponto de vista sociológico e antropológico, os termos “bárbaro” e “selvagem” são considerados, hoje, conceitos etnocêntricos e depreciativos, historicamente utilizados por sociedades dominantes para classificar e inferiorizar povos com culturas, costumes e organizações sociais diferentes das suas.

Percebemos aí o quanto o barbarismo dos atuais alemães fundou uma nova ordem após o domínio monopolista dos gregos e, a posteriori, do milenar e conquistador Império Romano. Notemos também que o selvagem (etimologicamente “da floresta”), que habitava cavernas e árvores, nem por isso deixou de resistir e sobreviver de forma biopsicossocial na biosfera — por ser um “incivilizado”.

Acho que ser bárbaro, na acepção moderna, é ser imperialista até a raiz do cabelo. Aliás, etimologicamente, o termo bárbaro significa não grego, e ser não grego não é ser cruel, não é bater martelos da lei a favor de um capitalismo mordaz e sem alma. Por isso, meu nobre operário brasileiro, fique atento e examine o trecho abaixo: a translúcida realidade expressa no fragmento — “Ao entrar com um pedido na Justiça, tivemos a surpresa de ver o pedido negado e a exigência de uma quantidade aberrante de dados. Questionaram até a eficiência de um medicamento aprovado pela FDA dos Estados Unidos!” — trecho extraído do artigo de João Pimenta, irmão da querida companheira Natália Pimenta, que perdeu a vida no último sábado (22/11/2025), depois de lutar corajosamente contra uma leucemia rara.

A Justiça foi morosa, foi estéril em sua análise, e quando se conseguiu o direito, já era tarde — como relata o artigo de João Pimenta, intitulado Minha irmã não foi morta pela biologia, mas pelo neoliberalismo. Vamos refletir, meus caros, vamos pensar: a vida é, legalmente, o bem mais importante e fundamental.

Quem é o bárbaro?

Quem é o selvagem?

Quem são os responsáveis por tantas perdas descabidas?

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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