Rio de Janeiro

Pastor de direita reconhece: ‘polícia tem autorização para matar’

Otoni de Paula, ex-aliado de Jair Bolsonaro, chamou a atenção pela crítica contundente às autoridades envolvidas no massacre ocorrido no início da semana passada

O deputado federal e pastor Otoni de Paula (MDB-RJ), integrante da bancada evangélica da Câmara dos Deputados e ex-apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chamou atenção por sua denúncia contundente sobre o crime fascista do Estado praticado nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Em meio à canalhice da imprensa burguesa que blindou os responsáveis pelo massacre, o parlamentar de direita e conservador assumiu uma posição crítica e humanitária, expondo indícios de violência extrema e execuções sumárias por parte do Estado.

Integrando a comitiva da Comissão de Direitos Humanos, Otoni de Paula não apenas visitou os locais, mas conversou com familiares e recolheu material que, segundo ele, revela um “completo requinte de crueldade” e o descumprimento flagrante da lei. A sua missão, como definiu, era “jogar luz em toda esta operação que aconteceu”, que ele não hesitou em classificar como “desastrosa”.

As descobertas do deputado não se limitaram a estatísticas, mas a histórias de horror que lançam dúvidas profundas sobre a letalidade da ação policial. Otoni de Paula trouxe à tona o pânico e a dor dos moradores com relatos detalhados.

Um dos casos mais destacados narrados por Otoni de Paula é o de um trabalhador que está à beira da morte. A esposa, a jovem senhora Karina, foi a fonte do relato chocante:

“O marido dela estava com o carro entrando na comunidade, foi confundido com bandidos pela polícia, tomou um tiro no rosto, está nesse exato momento em estado grave, no Hospital Geral de Bonsucesso.”

Segundo Otoni, a polícia teria agido para mascarar o erro:

“Ela tem as imagens… de que o carro do marido dela foi pego pela polícia quando perceberam que tinham alvejado não um criminoso, mas um trabalhador, plantaram uma arma dentro do carro.”

O deputado insistiu: “há muitos indícios de que nós tínhamos pessoas inocentes ali”. Além disso, ele lamentou que quatro jovens da sua própria igreja, a Assembleia de Deus Ministério Missão de Vida, teriam sido assassinados sem nunca terem portado fuzis, sendo contabilizados no “pacote” como bandidos.

Otoni de Paula revelou ter tido acesso a imagens que configuram execuções programadas. “Tivemos imagens hoje de mãos amarradas, de pessoas bandidas ou não, mas que foram executadas… com tiro na nuca”. Ele também falou que: “tivemos acesso à imagem de uma pessoa que teve a sua cabeça decepada”. E concluiu:

“A polícia, ela não tem autorização para matar, ela não tem autorização para executar.”

Diante da gravidade das denúncias, a principal medida prática defendida pelo deputado foi a federalização imediata das investigações e perícias.

“Eu entendo que este assunto, que essa investigação, que essa perícia ela deva ser federalizada”, ele declarou, citando a tamanha gravidade dos fatos.

Sua argumentação baseia-se na falta de isenção da própria Polícia Civil, responsável por conduzir o inquérito. Em uma comparação forte, ele disse que a investigação interna seria como “o assassino mandando o colega investigar o assassinato”.

Otoni de Paula destacou que a Comissão de Direitos Humanos irá documentar todos os relatos e materiais comprobatórios para fornecer ao Ministério Público e pressionar pela intervenção federal, saudando o fato de a Polícia Federal não ter participado da operação, o que garantiria sua isenção. Em outra fala surpreendente, o pastor ainda falou:

“Se eu tivesse preocupado com a minha eleição, eu sei o que eu teria que fazer. Eu teria que nesse exato momento estar fazendo o que os outros estão fazendo: Viva! Bandido morreu. Uau! […] Eu sei qual é esse discurso. Eu sei. Só que eu sou um cristão, cara. Eu sou um pastor há 30 anos das Assembleias de Deus, que é uma igreja periférica.”

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