A direção do partido alemão A Esquerda passou a expurgar ativistas pró-Palestina, em uma capitulação vergonhosa perante o regime político e o imperialismo. Um dos principais agrupamentos da esquerda pequeno-burguesa europeia, A Esquerda vem se esfacelando devido à política identitária e ecológica.
A capitulação levou a ganhos eleitorais tanto para o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) quanto para a dissidência de esquerda do partido, liderada por Sahra Wagenknecht, a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, na sigla em alemão), à medida que eleitores desiludidos migram para forças que desafiem mais abertamente “Israel” e as políticas pró-guerra do imperialismo.
O ponto de inflexão tornou-se evidente durante o recente congresso do A Esquerda, quando uma moção de apoio ao processo movido pela África do Sul contra “Israel” por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) foi rejeitada por uma margem apertada de 51% a 49%. Apesar do amplo respaldo popular — refletido em votações anteriores e em protestos de rua —, a liderança do partido, incluindo o co-presidente Jan van Aken, barrou a proposta sob o argumento de que poderia expor o partido a acusações de “antissemitismo”. A rejeição pública de Van Aken ao próprio secretariado internacional do A Esquerda, favorável à ação no TIJ, revela um padrão recorrente: o partido suspendeu ou expulsou militantes por suas posições pró-Palestina, enquanto ignora sistematicamente os apelos para enfrentar a cumplicidade alemã nas operações israelenses em Gaza.
Enquanto A Esquerda naufraga, pesquisas indicam a AfD alcançando entre 20% e 25% das intenções de voto em nível nacional, capitalizando a indignação popular diante do apoio irrestrito da Alemanha a “Israel”, em meio a um número de mortos em Gaza que ultrapassa 60 mil. Paralelamente, o BSW de Wagenknecht, com índices entre 10% e 15%, se destaca, justamente por não seguir a política de A Esquerda. Wagenknecht, ex-dirigente influente do partido, rompeu em 2023 para fundar uma aliança que combina reivindicações econômicas de esquerda com oposição à guerra, criticando abertamente as ações de “Israel”.





