Nos últimos dias, apologistas do assassinato de crianças na Faixa de Gaza iniciaram uma campanha pública contra a realização de um ato nacional em apoio à resistência palestina. A manifestação, convocada por entidades como o Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), o Partido da Causa Operária (PCO) e os comitês de luta desde o dia 13 de setembro, está marcada para o dia 7 de outubro, quando ocorre o aniversário de dois anos do início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, a operação de libertação do povo palestino dirigida pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
Em 27 de setembro, a Stop Hate Brasil, uma organização não governamental (ONG) parceira da Open Society Foundations, do bilionário George Soros, publicou uma nota de repúdio, na qual expressava “total indignação” pela “celebração” do “ataque terrorista cometido pelo Hamas contra Israel”. Além de ignorar a Lei brasileira, que não considera o Hamas como uma organização terrorista, a nota ainda mente ao afirmar que “o ataque do Hamas resultou em milhares de mortes, entre civis, crianças, mulheres e idosos, além do sequestro cruel de inocentes”.
A operação de 7 de outubro, conforma centenas de matérias jornalísticas e documentos já expuseram, foi uma operação bem-sucedida contra uma série de alvos militares israelenses, resultando na morte de poucas dezenas de soldados. Uma operação que é absolutamente acobertada pelo direito nacional, visto que o que a Stop Hate Brasil chama de “Israel” é, na verdade, uma ocupação ilegal e criminosa.
A morte de civis israelenses — ainda que os civis sejam, formalmente, colonos — foi causada fundamentalmente pelas próprias forças de ocupação de “Israel”, que assassinou sua própria população para evitar que esta fosse sequestrada.
A nota ainda diz repudiar “veementemente qualquer ato ou manifestação que faça apologia ao terrorismo e ao sofrimento humano” e que “nenhuma causa justifica o elogio à barbárie”.
O que a nota não diz, no entanto, é que, enquanto o Hamas exerce seu direito legítimo, reconhecido pelo direito internacional, de travar uma luta armada em defesa dos interesses nacionais de seu povo, os organismos internacionais, a exemplo da própria Organização das Nações Unidas (ONU), acobertam um genocídio que já causou a morte de mais de 20 mil crianças. A verdadeira barbárie é, portanto, o acobertamento dos crimes cometidos diuturnamente por “Israel”.
Apenas nos últimos meses, centenas de pessoas morreram de fome na Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de “Israel”, ao mesmo tempo em que foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), é recebido pelo governo norte-americano e discursa livremente na ONU. Mas, para a Stop Hate Brasil, o crime está naqueles em que, ao contrário da ONG sionista, se dedicam a por um fim em um dos capítulos mais tenebrosos de toda a história da humanidade.
A nota não era mera propaganda. Como toda atividade sionista é, essencialmente, uma atividade policial, o objetivo do texto era incitar a Academia Paulista de Letras, responsável pelo local onde acontecerá a manifestar, a se posicionar contra a defesa da resistência palestina. Sob pressão, a Academia Paulista emitiu uma nota pública, na qual afirma “não compactuar com os propósitos nem com a natureza da iniciativa”.
Mesmo após o posicionamento da Academia Paulista de Letras, os ataques dos sionistas à manifestação contra o genocídio palestino se intensificaram, revelando o objetivo expresso dos sionistas de proibir a realização do ato público, onde quer que ele seja realizado. Entre os defensores do assassinato de crianças, está Guto Zacarias, do Movimento Brasil Livre (MBL). O deputado estadual entrou com uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF) exigindo que o ato seja proibido, bem como o congelamento de recursos financeiros utilizados para a realização do evento.
O caso revela também a farsa da extrema direita que se diz favorável à liberdade de expressão. Em uma ação simultânea, a vereadora de São Paulo Cris Monteiro (Novo) também entrou com ação no Ministério Público Estadual contra o Partido da Causa Operária (PCO) em relação à “apologia ao Hamas”.
As tentativas de impedir a realização do ato ocorrem justamente no momento em que os países imperialistas se dizem dispostos a reconhecer o Estado da Palestina. Como fica claro, no entanto, o anúncio não vem acompanhado de uma disposição real em reconhecer os direitos do povo palestino. Para o imperialismo, dar ao povo palestino o direito de decidir o próprio destino e de ser representado pelas organizações que de fato o defendem, é inconcebível.
O cerco não fez com que os organizadores desistissem de fazer o evento. Até o fechamento desta edição, o PCO, o Ibraspal e os comitês de luta ainda não haviam se pronunciado sobre o local onde ocorrerá a manifestação.





