Nos últimos meses, o conceito de “parditude” gerou debates nas redes sociais no movimento negro identitário. A expressão, criada pela pesquisadora Beatriz Bueno, propõe uma “identidade para pessoas pardas ou mestiças”, representando 45,3% da população brasileira, segundo o IBGE. Beatriz defende a “parditude” como um “projeto antirracista voltado à multirracialidade”.
Beatriz argumenta que a “parditude” oferece uma alternativa ao modelo monorracial, reconhecendo a experiência híbrida de pessoas multirraciais. Os críticos alegam que ele permite a fraude em políticas afirmativas e a diluição da identidade negra. Frei David, diretor da EducAfro, ressalta que o termo “pardo” é ambíguo e pode abrir brechas para que pessoas brancas acessem benefícios destinados a negros e pardos.
Já Yuri Silva afirma que é ruim fragmentar a luta racial em subcategorias. Afirma que a união de pretos e pardos sob a categoria “negros” foi uma conquista fundamental do movimento negro brasileiro, essencial para garantir políticas públicas e enfrentamento do racismo estrutural.
A discussão toda é absurda, invés de discutirem sobre a opressão real do negro e como lutar contra ela abrem um debate teórico sobre o que é o negro. Isso só é possível pois não há uma luta real contra a opressão.
É óbvio que no Brasil há uma escala de cores das pessoas mais escuras até as mais claras. As mais escuras sofrerão mais com a opressão do negro. Ao se lutar contra essa opressão se luta a favor de todas elas.
Ou seja, invés de se discutir quem é e quem não pardo é crucial lutar pelas reivindicações reais do movimento negro. Fim da polícia e do aparato de repressão do Estado burguês. Emprego e moradia para a população da periferia, desproporcionalmente negros. Livre acesso ao ensino público superior para que todos os negros possam estudar.
Ao se colocar a discussão nesses termos concretos a ideia da “parditude” bem como todas as teses identitárias se revela inútil.