Gabriel Araújo

Dirigente Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Editor da Tribuna do Movimento e do Boletim do Movimento. Militante do Partido dos Trabalhadores e colunista do Voz Operária-Rio de Janeiro.

Coluna

Para os problemas políticos, a ação política

"É preciso que essa ação do conjunto das organizações populares se transforme em um grande movimento de massas, que permita abordar os principais temas políticos"

O povo tem o direito de odiar, porque sua vida é uma verdadeira desgraça. O povo tem o direito de se insurgir, porque ninguém é obrigado a aguentar passivamente o inferno na Terra que é a vida em um país cujo sistema produtivo é o capitalismo atrasado.

Os problemas relativos à popularidade do atual governo vão muito além do próprio governo, mas parte significativa da resolução desses problemas passa, fundamentalmente, pelas decisões e orientações políticas do próprio governo e de sua base social.

O contexto político-institucional, e no âmbito da propaganda governamental em 2025, começou com a velha cortina de fumaça da comunicação. Aliás, há anos isso tem servido de álibi para uma política equivocada e impopular à qual o conjunto das forças populares tem se agarrado: a tal das “fake news”. O povo seria, então, um agente passivo, um amontoado de tapados que não sentem na pele (e principalmente na barriga) as mazelas das estruturas políticas, econômicas, sociais e culturais do nosso país.

Todas as pesquisas apontam que o principal descontentamento do povo está relacionado à dimensão econômica. Portanto, não há mudança de comunicação que consiga dourar a pílula. É preciso haver mudanças efetivas, que enfrentem a atual estrutura econômica do país e que tenham como grande pilar a ação política dos trabalhadores e de suas organizações.

Atualmente, uma iniciativa das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo — de lançar um Plebiscito Popular com temáticas que agregam e que vão ao encontro dos anseios da população — parece querer romper com o nosso imobilismo político e tirar o governo e sua base social das cordas.

O objetivo é discutir a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, o fim da escala de trabalho 6×1, a tributação de quem ganha mais de R$ 50 mil e a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.

A ação convoca o povo a se mobilizar e intervir verdadeiramente nas decisões políticas do país, colocando os trabalhadores e suas organizações em rota de colisão com a estrutura política e econômica de superexploração vigente.

As pautas deveriam ir além, incluindo o conteúdo da PEC da Moradia — para garantir recursos obrigatórios à produção de habitação de interesse social —, a Tarifa Zero nos transportes públicos e um projeto de lei que enfrente a atual estrutura fundiária no campo.

De toda forma, o fato de o conjunto das forças populares sair de uma posição passiva e de dependência total da iniciativa política do governo e do Judiciário já é algo a se comemorar. Os problemas políticos só podem ser enfrentados com ações políticas, e não podem ser resolvidos com mero malabarismo e pirotecnia, que apenas enganam os trouxas e uma pequena burguesia histérica manipulada pela imprensa capitalista dos almofadinhas da Folha de S.Paulo e dO Globo.

É preciso que essa ação do conjunto das organizações populares se transforme em um grande movimento de massas, que permita abordar os principais temas políticos capazes de garantir o desenvolvimento econômico e a soberania nacional — temas que ataquem as grandes mazelas que afligem os trabalhadores e nossa condição de nação submetida ao capitalismo atrasado. Em vez de perder tempo com questões idiotas de cunho moral, que apenas nos fazem desperdiçar energia e nos distanciam dos trabalhadores.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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