Editorial

Para os banqueiros, R$53 bi; para os trabalhadores, promessas

Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o segundo aumento do ano na taxa básica de juros (Selic)

Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o segundo aumento do ano na taxa básica de juros (Selic). Assim como ocorreu em janeiro, o aumento foi de um ponto percentual, elevando a Selic de 13,25% para 14,25%. A decisão do Copom, composto por uma maioria indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi unânime.

Este foi o quinto reajuste seguido para cima, fazendo com que a taxa de juros do Brasil seja a 4ª maior do mundo. Com a Selic em 14,25%, este é será o maior nível dos juros básicos da economia brasileira desde outubro de 2016, ou seja, desde o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT).

Como se não bastasse, o Copom de Gabriel Galípolo, indicado por Lula à presidência do Banco Central (BC) em 2024, sinalizou que deve aumentar ainda mais a taxa de juros na próxima reunião do colegiado, marcada para janeiro. “Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião”, diz o comunicado do comitê.

A política de manter o Brasil com as mais altas taxas de juros reais (acima da inflação) do mundo é, neste momento, um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento da economia nacional, em uma etapa de crise histórica do capitalismo.

Essa política, imposta pelos governos pró-imperialistas, foi inúmeras vezes criticada pela esquerda parlamentar e pelo próprio governo atual, nos primeiros meses após a posse.

Em junho de 2024, por exemplo, em entrevista à Rádio CBN, o próprio presidente Lula declarou que “nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está. Então, é preciso baixar a taxa de juro compatível com a inflação”.

O indicado por Haddad para a diretoria e, depois, por Lula para a presidência do BC, não só manteve exatamente a mesma política que “prejudica” o País, como a aprofundou. Há estimativas dos banqueiros e seus “analistas” de que a taxa básica Selic chegue a 15% neste ano.

Junto com outras medidas de proteção dos “pobres banqueiros”, isso representa a transferência de cerca de R$1,9 trilhão do orçamento público para as contas dos parasitas que controlam o sistema financeiro. Quase R$6 bilhões por dia, roubados do povo. Esse, sim, o maior programa de transferência de renda do País, no qual os recursos da população trabalhadora que paga impostos são escoados para os banqueiros sanguessugas.

Enquanto isso acontece sem grande alarde na imprensa capitalista que apoia essa roubalheira, há um enorme esforço publicitário para apresentar como um grande passo a ultra limitada medida, em debate no congresso nacional, sobre a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$5 mil, o que sequer corrige a tabela de descontos de acordo com a inflação dos últimos anos. Segundo o ministro da Economia, Fernando Haddad, se a medida for aprovada, deixarão de ser arrecadados cerca de R$25 bilhões, em um ano.

A diferença não está apenas no volume de “desconto” para os trabalhadores, oitenta vezes menor do que está sendo entregue para os bancos na operação de rapina da dívida pública. Outra diferença fundamental é que o ganho dos banqueiros é imediato, vigora de forma automática após a aprovação pelo Copom, que não tem nenhum membro eleito pelo povo para decidir sobre a economia do País em favor dos bancos. Por sua vez, o projeto para alterar a isenção do IR vai tramitar no Congresso e, se aprovado, entrará em vigor apenas em 2026.

Já passou da hora dessa política de rapina ser enfrentada com uma ampla mobilização das organizações do povo trabalhador, superando a covardia política dos que se curvam diante dos banqueiros.

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