Não satisfeito com a Polícia Militar, a Polícia Civil e as Forças Armadas de plantão, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) sancionou em junho a lei que cria a “Força Municipal” e, nesta semana, mandou a primeira turma de guardas-civis para um curso de 440 horas que inclui tiro real, abordagem armada e simulação de confronto. Tudo isso dentro de um órgão cujo estatuto original prevê organizar o trânsito, fiscalizar o comércio ambulante e proteger praças públicas.
A nova lei permite que qualquer guarda aprovado em prova interna – inclusive temporários e ex-militares– porte pistola Glock 24 horas por dia, até em casa. A “elite” recebe colete nível III, joelheira tática, fuzil de precisão em treinamento e seguro de vida pago pela prefeitura. O curso é dado na Academia de Irajá, em parceria com a PRF, e inclui abordagem de alto risco – termo bonito para “entrar atirando em qualquer esquina”.
A Guarda Municipal não tem corregedoria própria robusta, não responde ao Ministério Público como a Polícia Militar, não tem ouvidoria independente. É um batalhão paralelo sob comando direto do prefeito. Perfeito para quem quer mandar sem prestar contas.
Enquanto isso, nas favelas, a PM segue fazendo megaoperações fascistas que matam 119 pessoas em uma semana.
- R$ 120 milhões estimados só no primeiro ano para armas, munição, coletes e treinamento.
- Zero real investido em desmilitarização, mediação de conflitos ou políticas de prevenção.
Em 2024, a PM matou 1.356 pessoas no RJ – recorde histórico. Some a isso uma guarda armada. O resultado? Mais um esquadrão da morte com crachá municipal.


