Cinema

Oscar premia ‘sionismo de esquerda’, ou seja, o genocídio em Gaza

A premiação cinematográfica mais importante do imperialismo reforça a propaganda a favor da ocupação nazista de “Israel” com uma máscara “democrática”.

No dia 2 de março de 2025, foi realizada a última cerimônia do Oscar, a premiação anual da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles. O evento é amplamente assistido mundialmente e tem um forte caráter político, já que as produções cinematográficas de Hollywood são uma peça fundamental do arsenal de propaganda do imperialismo. Este ano não foi diferente, e um dos filmes premiados trata-se de uma peça publicitária israelense.

O filme “Sem Chão” – “No Other Land”, no original – ganhou na categoria de Melhor Documentário de Longa-Metragem. O resumo do filme, segundo o Google, é o seguinte: “O documentário produzido por um coletivo palestino-israelense mostra a destruição de Masafer Yatta por soldados israelenses na Cisjordânia ocupada e a aliança que se desenvolve entre o ativista palestino Basel e o jornalista israelense Yuval.”

Essa sinopse revela bem o caráter do filme e de sua premiação. Em toda a Palestina ocupada, especialmente na Faixa de Gaza, segue em curso um genocídio perpetrado pelo Estado nazista de “Israel”. A limpeza étnica só não é pior porque o povo palestino se organizou em armas para defender sua terra e lutar pela sua libertação do colonizador.

O filme, no entanto, insinua uma suposta vontade tanto do povo palestino quanto do israelense de viverem juntos, em paz. Ainda que a obra denuncie crimes israelenses, ela trata como se isso fosse responsabilidade apenas do governo de plantão e não o próprio motivo da existência do Estado de “Israel”.

Um dos realizadores do filme, o israelense Yuval Abraham, é o que se chama de sionista de esquerda. O sionismo, no entanto, é uma ideologia em si mesma supremacista e impulsionadora da limpeza étnica e do genocídio. Não existe nada de esquerda em nenhum tipo de sionismo. Falar em sionismo de esquerda é o mesmo que falar em nazismo de esquerda. As duas ideias devem ser levadas a sério tanto quanto.

Na cerimônia do Oscar, o primeiro a falar foi o palestino Basel Adra, que estrela a história do documentário e é também diretor do filme. Em sua fala, Adra denunciou a ocupação e os métodos nazistas dos israelenses, assim como o próprio filme o faz, mostrando cenas da expulsão dos palestinos de suas casas, da destruição de vilas inteiras e da limpeza étnica em curso.

Adra incluiu no filme uma cena de sua própria casa sendo demolida pelas forças de ocupação. Uma cena bem marcante. Ele dedicou o prêmio à sua filha recém-nascida: “Há cerca de dois meses, eu me tornei pai, e eu espero que minha filha não precise viver a mesma vida que estou vivendo agora – sempre sentindo a violência dos ocupantes e testemunhando a demolição de lares.”

O caráter político da premiação, porém, fica mais claro quando o israelense Yuval Abraham, também diretor do filme, pega o microfone. Abraham começou seu discurso chamando a heroica Operação Dilúvio de Al-Aqsa (quando o Hamas liderou o que deu início à atual etapa da Revolução Palestina em 7 de outubro de 2023) de crime e pediu a libertação dos reféns israelenses. Nem ele, nem Adra, no entanto, falaram nada sobre os milhares de reféns palestinos em posse dos colonizadores em “Israel”. Abraham também defendeu a solução de dois Estados e apelou para uma “solução política com direitos nacionais para os dois povos.” Evidentemente, uma farsa.

Essa é a face do sionismo de esquerda. O esforço do filme e de todo esse setor é o de mostrar que tem israelenses bons e maus e palestinos bons e maus. É reconhecer que não é bom matar centenas de pessoas inocentes, mas igualar a luta de resistência heroica que o povo palestino faz sob a liderança do Hamas ao genocídio perpetrado pelo imperialismo.

O filme e os discursos dos diretores na premiação pintam esse quadro: apoio incondicional à ocupação israelense e, para os palestinos, no melhor dos casos, pena. Porém, o mote dos palestinos é de resistência e libertação, eles querem sua terra e seus direitos e estão dispostos a lutar incansavelmente até que isso seja conquistado.

Como disse um porta-voz do Hamas em novembro de 2023: “Vocês que ainda não lutam, não chorem por nós. Nós ainda estamos vivos, e vocês estão mortos por dentro.”

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