História da Palestina

Os drusos palestinos e a tentativa de cooptação do sionismo

O Estado de “Israel” aprendeu com os britânicos a política de dividir as minorias para conquistar. Os drusos palestinos foram um dos grupos-alvo da ocupação sionista.

A minoria drusa na Palestina, assim como no Líbano e na Síria, sempre foi alvo de tentativas de cooptação pelos sionistas. Dividir o país para conquistar — assim aprenderam com os ingleses, os pais do Estado de “Israel”. Após a fundação do Estado sionista em 1948, os governos israelenses tentaram cooptar essa população por décadas. Ela agora está no centro de uma disputa política no sul da Síria, região que foi invadida por “Israel” em dezembro de 2024, após o golpe contra Bashar al-Assad.

Na década de 1950, “Israel” iniciou a política de alistamento militar dos drusos. Assim como as Troupes Spéciales da França na Síria e no Líbano e os Iraqi Levies da Grã-Bretanha, os israelenses separaram os recrutas drusos em uma “unidade de minorias”. Os esforços de longo prazo do estabelecimento israelense para recrutar drusos para as forças militares do país acabaram dando frutos, e, em 1956, o alistamento militar tornou-se obrigatório.

Essa decisão gerou forte oposição nas aldeias drusas, impulsionada pelo xeique Amin Tarif, líder espiritual dos drusos palestinos. Segundo os serviços de inteligência israelenses, a oposição do xeique Tarif baseava-se em considerações morais, religiosas e políticas, incluindo a presença de comunidades drusas em países árabes e o receio de serem acusados de traição.

Em 1956, apenas cerca de um quarto (51 de 197) dos drusos convocados em aldeias da Galileia cumpriu as ordens de alistamento; proporção semelhante ocorreu entre os drusos recrutados nas aldeias de al-Carmil, Isfia e Daliat al-Carmil (32 de 117). Apesar das campanhas de prisão realizadas pela polícia, dezenas de clérigos drusos em Shafa‘Amr enviaram uma carta ao primeiro-ministro e ao ministro da Defesa pedindo que a ordem de recrutamento fosse revogada e que os drusos fossem tratados como os demais cidadãos palestinos do Estado, enfatizando que o exército não necessitava de seus serviços.

No entanto, a oposição ao alistamento obrigatório nunca se transformou em um movimento de protesto. Sem dúvida, o clima gerado pela derrota na guerra de 1948 — ou seja, o baixo moral que prevalecia entre os palestinos e a imposição da lei marcial — desempenhou um papel nisso. Mas as autoridades também conseguiram, por meio da manipulação de divisões entre clãs dentro da liderança tradicional, reprimir os protestos e aprovar o alistamento.

Explorando conflitos de interesse entre os líderes locais, Israel conseguiu convencer muitos deles a apoiar e promover o projeto de recrutamento. Embora Tarif inicialmente tenha se oposto ao alistamento obrigatório, a posição dos líderes tradicionais o forçou a abandonar sua oposição, temendo que isso enfraquecesse sua posição e a de sua família em relação ao Estado.

A implementação do alistamento obrigatório dos drusos foi acompanhada por outros grandes desenvolvimentos na relação do Estado com a comunidade. Em 1956, “Israel” reconheceu os drusos como um grupo religioso distinto. Em 1961–62, o Estado estabeleceu um líder espiritual e tribunais religiosos drusos, proporcionando novos meios de controle sobre a comunidade. Enquanto isso, a unidade de minorias permaneceu fora da estrutura oficial do exército israelense e manteve contato regular com a divisão política do Ministério das Relações Exteriores.

O começo da resistência dos drusos

Em abril de 1965, um grupo de jovens drusos educados, incluindo Samih al-Qasim, Naif Salim, Muhammad Naffa, Salah Hazima e Jihad Sad, organizou-se no que ficou conhecido como Juventude Drusa Livre (al-Shabab al-Druze al-Ahrar). Eles emitiram um comunicado, distribuído em Hittin durante a visita anual ao santuário do profeta Shuaib, com diversas reivindicações contra os sionistas, incluindo o fim do alistamento obrigatório.

Esse grupo mais tarde formaria o núcleo do Comitê de Iniciativa Drusa, que, após sua fundação em 1972, tornou-se a principal organização de oposição drusa à política do Estado. Muhammad Naffa, um dos fundadores de ambos os grupos, afirmou que o Comitê de Iniciativa Drusa não tinha vínculos com o Partido Comunista, embora vários de seus fundadores fossem membros ou simpatizantes do partido.

Em vez disso, Naffa afirmou que o comitê refletia a insatisfação dos jovens intelectuais drusos com a ocupação. Esse crescente descontentamento também se refletiu nos resultados das eleições parlamentares de 1969, nas quais o partido Rakah (Reshima Komunistit Hadasha, Nova Lista Comunista) recebeu aproximadamente 10% dos votos drusos.

Os setores mais conservadores fundaram a Associação dos Drusos em janeiro de 1967. Esse grupo buscava usar suas posições dentro das instituições do Estado para exigir direitos para os drusos, acesso a instituições governamentais, industrialização de suas aldeias e ensino de uma história compartilhada entre judeus e drusos. Além disso, exigiram que o Partido Trabalhista, que governava o país na época e cujas filiações estavam fechadas aos cidadãos árabes até o final dos anos 1960, abrisse suas portas aos jovens drusos.

Em 1969, o governo israelense anunciou que não mais reconheceria o Eid al-Fitr, o fim do Ramadã, como feriado druso, substituindo-o pelo dia em que figuras religiosas drusas visitavam o santuário do profeta Shuaib, perto da aldeia despovoada de Hittin. Embora a maioria dos drusos sírios e libaneses não celebre essa data, ela foi declarada feriado oficial dos drusos em “Israel”. Tratava-se de uma tentativa de “Israel” de separar os drusos dos demais países árabes e cooptar os que viviam na Palestina ocupada.

Diante disso, o Comitê de Iniciativa Drusa representou um avanço na organização do protesto contra as políticas do Estado, tornando-se o primeiro movimento estruturado de oposição. O comitê apresentou uma petição aos líderes do Estado com cerca de oito mil assinaturas, fazendo quatro exigências principais:

  • Cancelamento do serviço militar obrigatório;
  • Não interferência nos assuntos religiosos e feriados drusos;
  • Fim da confiscação de terras e devolução das terras confiscadas;
  • Fornecimento de subsídios e assistência técnica e financeira para o desenvolvimento das aldeias drusas.

O Estado de “Israel” então organizou uma contraofensiva contra a onda de organização dos drusos. Essa população se tornaria ainda mais importante a partir da década de 1960, quando “Israel” ocupou as Colinas de Golã, na Síria — onde a população drusa é importante — e, depois, o sul do Líbano, outra região onde há uma grande concentração de drusos.

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