Política internacional

‘Onda anti-Trump’ não derrotará tendência à polarização

Articulista da Folha tenta vender a ideia de que extrema direita está em crise no no mundo, mas a realidade mostra o contrário

Donald Trump

O artigo O caos de Trump está afundando a direita no resto do mundo, assinada por Joel Pinheiro da Fonseca e publicada na Folha de S.Paulo, é um exemplo de como a imprensa burguesa, sucursal da imprensa imperialista, utiliza o atual presidente norte-americano como um espantalho para vender a ideia de que o que havia antes de seu mandato como um mundo democrático e que agora este mundo estaria ameaçado por um lunático.

Ainda que a esquerda não deva ter qualquer ligação, ou mesmo apoiar Donald Trump, a verdade é que o governo anterior, de Joe Biden, provocou uma destruição muito maior. Basta ver a guerra na Ucrânia, as ameaças à China na questão de Taiuã, a formação de coalizões militares na região do Pacífico e os bombardeios na Faixa de Gaza.

Fonseca diz que, “se algo acontece uma vez, é um fenômeno pontual. Se acontece duas, é uma tendência. Então, já dá para dizer: Trump afundar a direita nas eleições de outros países já é uma tendência”. O “afundamento” da direita, no entanto, não é uma realidade.

Na França, nesse final de março, após um grande crescimento do Reagrupamento Nacional (RN), Marine Le Pen foi condenada a quatro anos de prisão e ficará cinco anos inelegível. Embora se tenha alegado “corrupção”, os motivos da prisão são políticos:

Eleições Europeias de 2024 – O RN conquistou 31,5% dos votos, ficando muito à frente do partido do presidente Emmanuel Macron, que obteve apenas 15,2%.

Eleições Legislativas de 2024 – O RN foi o partido mais votado na primeira rodada, com 33% dos votos, superando a aliança de esquerda Nova Frente Popular (28%) e o partido de Macron, Renaissance (20%).

Projeções para o Parlamento – Pesquisas indicam que o RN não deve conseguir maioria absoluta, ficando entre 210 e 240 cadeiras, enquanto a maioria absoluta exige 289.

Na Alemanha, a Alternative für Deutschland (AfD) segue um caminho semelhante. Recentemente, a AfD foi classificada como uma organização “extremista” de direita pelo serviço de inteligência alemão. O que significa o monitoramento pelo governo; restrição de participação política; e até possível banimento, uma vez que a Constituição alemã permite a proibição de grupos que “ameacem a ordem democrática”.

No Brasil, a extrema direita ganhou projeção após uma intensa campanha da imprensa contra o PT, com julgamentos transmitidos ao vivo em rede nacional. Em 2018, Lula foi preso inconstitucionalmente pelo STF e se elegeu Jairo Bolsonaro (PL), que teve que ser contido e praticamente não conseguiu governar. O plano do imperialismo era colocar Geraldo Alckmin (então PSDB) na presidência. Porém, no País, todo o ‘centro político’ está sendo destroçado pelo aumento da polarização.

Jair Bolsonaro, assim como Lula, tem uma grande base social, o que os torna indesejáveis para o grande capital. Para conter Bolsonaro, iniciou-se uma perseguição política que pode colocá-lo na cadeia e retirá-lo da próxima corrida presidencial.

Nos Estados Unidos, Donald Trump foi acusado de tudo, até de pagar propina para atriz pornô, mas a perseguição só fez crescer a sua popularidade.

Isso significa que, ao contrário do que diz Joel Pinheiro da Fonseca, a extrema direita, que ele toma o cuidado de chamar apenas de direita, não está em crise, mas em ascenso.

Contra Trump, Fonseca joga a carta da democracia e dos valores liberais, a mesma que o imperialismo tem utilizado para tentar, artificialmente, conter o crescimento da extrema direita.

Em sua crítica, diz que a confusão, a corrupção sem disfarces, a lei do mais forte, o rebaixamento de nossos valores mais caros como verdade, cooperação e bem comum, têm tido o efeito contrário. O discurso pró-democracia e direitos humanos muitas vezes é hipócrita? Sem dúvida. Mas um mundo que descarte esses valores não será melhor para nós…”.

Corrupção com disfarces seria melhor? Eis uma pergunta que se coloca depois da afirmação acima. Lei do mais forte, nunca deixou de vigorar, aliás, a agressividade do imperialismo, as democracias liberais, só tem aumentado.

Mesmo que toda a campanha contra Donald Trump faça diminuir sua popularidade, ou até mesmo o leve ao fracasso, o imperialismo não terá contido o crescimento da extrema direita. A desilusão com o atual presidente pode fomentar o surgimento, e até o crescimento, de grupos ainda mais radicais.

A polarização é fruto de uma crise que, longe de se resolver, está se aprofundando. A prisão de Lula não diminuiu a polarização no Brasil. Ao sair da cadeia, se elegeu para a presidência. Prender Bolsonaro seguramente aumentará sua popularidade, pois será visto como uma vítima. A quase prisão de Trump, os inúmeros processos, nada disso serviu, pois as forças sociais é que estão se movimento.

Dizer que Trump tornou tudo um caos e que isso vai enfraquecer a extrema direita é ilusão. A única força capaz de conter essa tendência é a classe trabalhadora.

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