HISTÓRIA DA PALESTINA

O tradutor libanês que enfrentou a Nakba

Conheça a história de Wadi‘ Faris al-Bustani, expulso de sua casa em Haifa ocupada em 1953

Wadi’ al-Bustani, intelectual e militante árabe, foi um dos muitos que testemunharam e enfrentaram a Nakba, o processo pelo qual os sionistas, com apoio do imperialismo britânico, expulsaram a população palestina de suas próprias terras, assassinando, estuprando e ferindo centenas de milhares.

Nascido em 1886 na aldeia de Dibbieh, no Líbano, Bustani recebeu uma educação de alto nível, tendo estudado na Universidade Americana de Beirute. Seu talento para a tradução e a literatura logo o levou a transitar por diversas partes do mundo árabe e além, passando pelo Iêmen, Egito, Índia e África. Em Londres, estudou a poesia de Umar Khayyam, realizando em 1912 a primeira tradução árabe dos famosos Ruba‘iyyat, publicada no Egito.

Sua jornada política tomou forma definitiva quando, em 1918, foi nomeado conselheiro do governador militar britânico na Palestina. Seu contato com a realidade da ocupação e da colonização o fez romper com os britânicos, passando a se opor abertamente ao movimento sionista. Em 1920, sua participação na greve geral de Jerusalém resultou em sua prisão e exílio para Bir al-Sabi’.

Bustani esteve entre os primeiros a estruturar a resistência política na Palestina, sendo um dos fundadores das associações islâmico-cristãs, que denunciavam a política britânica de facilitação da imigração judaica e da desapropriação das terras dos camponeses árabes. Foi também membro do Sexto Congresso Nacional Palestino, em 1923, e integrou uma delegação que viajou a Londres para negociar uma solução para a questão palestina, encontrando apenas a indiferença do governo britânico.

Advogado a partir de 1929, Bustani esteve engajado na defesa dos camponeses palestinos contra a expropriação de terras por organizações sionistas. Apoiou ativamente a greve geral e a insurreição armada de 1936 contra o mandato britânico, participando do Congresso Nacional Árabe de Bludan, na Síria, em 1937. Com a intensificação da repressão britânica e sionista, afastou-se da política formal e concentrou-se na tradução de clássicos da literatura indiana.

Em 1948, com a implantação da entidade sionista e a ocupação de Haifa pelas forças da milícia fascista Haganá, Bustani e sua esposa se recusaram a abandonar sua casa, apesar das ameaças e da violência. Os sionistas confiscaram parte do edifício construído por ele, alocando famílias judias e impondo-lhe prisão domiciliar. Durante cinco anos, permaneceu em Haifa sob constante vigilância, testemunhando a destruição da sociedade palestina.

A impossibilidade de resistir indefinidamente forçou Bustani a exilar-se no Líbano em 1953. No mesmo ano, foi homenageado em Beirute por sua contribuição à literatura árabe, especialmente por sua tradução do Mahabharata, recebendo a Medalha de Ouro do presidente Camille Chamoun. Faleceu no ano seguinte, sendo enterrado em sua cidade natal.

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