HISTÓRIA DA PALESTINA

O sionismo na Escócia

Primeiro grupo sionista escocês foi fundado em agosto de 1890, como um ramo do Chovevei Zion (Amantes de Sião)

O sionismo difundiu-se por toda a Europa, infiltrando-se, por meio do trabalhismo, nos movimentos sindicais operários e na esquerda. Um dos países-alvo dessa infiltração foi a Escócia; seguindo seu exemplo, o restante do Reino Unido expressou essa política.

Desde o século XIX

O primeiro grupo sionista escocês foi fundado em agosto de 1890, em Edimburgo, como um ramo do Chovevei Zion (Amantes de Sião). Essa organização tinha uma política menos voltada para a formação de um Estado sionista, contando com apoiadores cristãos e figuras religiosas judaicas seniores.

O declínio do Chovevei Zion foi marcado pela ascensão do sionismo de Theodor Herzl, que era mais focado na criação de um Estado sionista. Foi nesse contexto que, em 1899, surgiu a Edinburgh Zionist Association (EZA).

Em março de 1902, “uma massa transbordante de judeus” reuniu-se no Livingstone Hall para ouvir um discurso sobre o sionismo proferido por Jacob de Haas, secretário do Primeiro Congresso Sionista e editor do Jewish World. Em 1910, Lewis Rifkind fundou a Edinburgh Young Men’s Zionist Culture Association, e, em 1911, nasceu a Socialist Poale Zion, mais tarde liderada pelo próprio Rifkind.

Famílias abastadas

Um ponto que chama atenção na família Rifkind era o poder político e financeiro que possuía. Lewis Rifkind era parente do futuro deputado conservador e ministro Malcolm Rifkind. Lewis nasceu em 1892, em Meshad, Irã, filho de Mordecai Rifkind. Chatzie (Charles, irmão de Mordecai) Rifkind, nascido em 1877, era avô de Malcolm Rifkind.

Portanto, a família Rifkind representava uma presença conservadora e sionista convicta no Parlamento escocês. Além disso, a secretária honorária do grupo parlamentar dos Amigos Conservadores de Israel atuou de 1976 a 1979 e parece permanecer ativamente envolvida desde então.

A família Rifkind não é exceção, mas sim a regra entre as lideranças sionistas ao longo das gerações. Desde o início do século XX, várias famílias ocuparam papéis de liderança no movimento sionista escocês, acumulando fortunas em diversas áreas de negócios.

A maioria dessas famílias manteve sua influência no movimento sionista e suas riquezas, tanto em negócios quanto em propriedades. O domínio dos milionários sobre a camarilha dirigente do sionismo perdura há mais de 130 anos.

Dentre essas famílias, podemos citar: Links (comércio de trapos, varejo), Goldberg (varejo, lojas de departamento), Bloch (produção de álcool), Wolfson (varejo) e Jesner (propriedade). Na segunda metade do século XX, juntaram-se a elas as famílias Walton (propriedade), Berkley (propriedade), Lewis (cobrança de dívidas, propriedade), Tiefenbrun (produtos de alta fidelidade – Linn Products Limited) e Winocour (cinemas e, mais tarde, propriedade).

Degeneração do sionismo trabalhista

O sionismo trabalhista não existe mais formalmente na Escócia, sobrevivendo basicamente entre representantes políticos escoceses e no movimento sindical. Nessas esferas, desempenhou um papel na caça às bruxas contra Jeremy Corbyn no Partido Trabalhista escocês.

Um expoente dessa política de combate ao “antissemitismo” é Rhea Wolfson, ex-aluna da Mearns Castle High School, em Newton Mearns, Glasgow. Mearns Castle é uma das quatro escolas na área de Glasgow que participam do programa Jewish Activities in Mainstream Schools (JAMS), organizado pela instituição de caridade sionista United Jewish Israel Appeal.

Basicamente, o programa busca preparar e doutrinar crianças judias no sionismo, sendo parte de uma política supostamente voltada ao combate ao “antissemitismo”. Esse artifício faz com que candidatos sionistas sejam apresentados como pertencentes à “esquerda”.

Entretanto, a tendência dominante do sionismo na Escócia hoje é revisionista, associada ao Likud, havendo ainda correntes mais à direita. Atualmente, o movimento pró-Israel é dominado por grupos e indivíduos ligados aos órgãos centrais do movimento sionista, como KKL/JNF e UJIA.

Declínio religioso

Na Escócia, observa-se um fenômeno de diminuição da religiosidade, com ampla documentação apontando para uma aceleração desse processo. O culto judaico não escapa dessa tendência, com a diminuição do número de adeptos e o fechamento de congregações.

Independentemente do matiz político, todas as congregações escocesas tinham filiação formal ao sionismo e serviam como instrumentos essenciais para a infiltração sionista na periferia escocesa.

Essa realidade levou a mudanças demográficas na distribuição do sionismo, contribuindo para a evolução de suas expressões políticas. Muitas sinagogas periféricas fecharam, reduzindo sua presença nesses setores.

Exemplos de comunidades judaicas que deixaram de existir incluem:

  • Greenock, a oeste de Glasgow – a comunidade havia diminuído para apenas um punhado de judeus em meados da década de 1930, e a sinagoga fechou em 1936.
  • Falkirk, entre Edimburgo e Glasgow – extinta por volta de 1946/47.
  • Congregação Hebraica de Dunfermline – extinta em 1951.
  • Inverness, nas Terras Altas – extinta por volta de 1970.
  • Congregação Hebraica de Ayr, sudoeste de Glasgow – extinta em meados da década de 1970.
  • Comunidade Judaica de Argyll e Bute – sem atividades conhecidas desde 2003.
  • Congregação Hebraica de Dundee – a sinagoga fechou em 2019, embora ainda exista uma instituição sucessora chamada Comunidade Judaica de Tayside e Fife, sediada em St Andrews.

Unificando a direita

Todavia, não se pode ignorar a influência política do sionismo na Escócia. Seu poder financeiro e organizativo tem sido utilizado para compensar o decrescente número da comunidade judaica. Diversos artifícios são empregados para mitigar os problemas e superar a questão demográfica.

Além de uma forte política de cooptação de membros, os sionistas buscam agregar filo-sionistas às suas fileiras para ampliar seus números.

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