Nesta semana, veio à tona a denúncia de que italianos ricos que teriam pago até R$610 mil para atirar em civis na Bósnia, país localizado na região dos Bálcãs que pertencia à antiga Iugoslávia. Segundo a denúncia, os italianos haviam viajado para Sarajevo, durante o cerco nos anos 1990, para participar de um “safári humano” contra civis bósnios.
O caso chocante não é apenas um episódio de degradação moral individual, mas uma expressão brutal da destruição completa de um país pela guerra e pela política neoliberal que devastou os Bálcãs, criando condições para que o povo da região fosse tratado como animais pela burguesia dos países imperialistas.
Segundo a investigação aberta pela Procuradoria de Milão, os italianos que estivessem dispostos a pagar “valores adicionais”, poderiam ainda atirar em crianças — um nível de barbárie que escancara como a guerra bósnia se transformou em um terreno fértil para todo tipo de atrocidade. Os relatos apontam que essas viagens eram organizadas a partir da Itália, com partidas regulares às sextas-feiras, envolvendo deslocamento aéreo até Belgrado e transporte até as posições controladas pelas milícias sérvio-bósnias durante o cerco — um dos mais longos da história recente da Europa.
A guerra da Bósnia (1992–1995) destruiu completamente a infraestrutura, as cidades, a economia e a vida social do país. Mas o que veio depois foi igualmente devastador: a Bósnia se transformou em laboratório dos países imperialistas, que impuseram políticas neoliberais radicais — privatizações, abertura total ao capital, retirada de proteções sociais, dependência de ONGs e organismos internacionais.
É preciso lembrar que o país, antes da guerra, possuía uma base industrial altamente integrada ao conjunto da antiga Iugoslávia. Após a destruição do Estado iugoslavo promovida pelo imperialismo, essa estrutura foi esfacelada. O resultado foi um Estado fragmentado, incapaz de proteger sua própria população. Nesse cenário de colapso generalizado, práticas criminosas e desumanas se desenvolveram, como é o caso dos “safáris humanos”.





