HISTÓRIA DA PALESTINA

O representante de Haifa no 1º Congresso Árabe Palestino

Dentre outras coisas, Rashid al-Haj Ibrahim também participou do Congresso Sírio Geral, em Damasco, como representante da Associação Muçulmano-Cristã de Haifa

Rashid al-Haj Ibrahim, uma das figuras mais destacadas da luta nacional palestina durante o Mandato Britânico, nasceu em Haifa. Filho de Ibrahim ibn Ahmad Agha al-Haj Ibrahim, foi casado com Nazmiyya Tsabihji, natural de Damasco, e teve três filhos: Abd al-Rahman, Samih e Su‘ad. A filha casou-se com Muhammad Abdu Ahmad Hilmi Abd al-Baqi.

Educado em Haifa durante o período otomano, Haj Ibrahim demonstrou grande capacidade intelectual, tornando-se fluente em turco e ocupando cargos administrativos no sistema ferroviário do Hijaz. Após a ocupação britânica em 1917, dedicou-se aos negócios ao lado de seu irmão, ao mesmo tempo em que se engajava na resistência contra o domínio britânico e a imigração judaica.

Desde 1919, opôs-se às tentativas de apropriação de terras palestinas por colonos sionistas e participou ativamente da formulação de um memorando de protesto, encaminhado à Conferência de Paz de Paris. No mesmo ano, representou Haifa no 1º Congresso Árabe Palestino, realizado em Jerusalém, e continuou a exercer essa função até o 7º congresso, em 1928. Também participou do Congresso Sírio Geral, em Damasco, como representante da Associação Muçulmano-Cristã de Haifa.

Em 1924, integrou uma delegação organizada por Haj Amin al-Husseini para arrecadar fundos para a restauração da Mesquita de al-Aqsa, visitando o Iraque e os Emirados do Golfo. Nesse mesmo ano, cofundou o jornal al-Yarmuk em Haifa, que permaneceu em circulação até 1933. Sua atuação na área econômica também se destacou com sua nomeação como gerente do recém-fundado Banco Árabe em Haifa, em 1930.

A atuação política de Haj Ibrahim também se manifestou na criação da Sociedade da Juventude Muçulmana, em 1928, na qual permaneceu como presidente até 1932, quando foi sucedido por ninguém mais, ninguém menos que Izz al-Din al-Qassam, seu amigo próximo. Em 1931, participou da organização do Congresso Pan-Islâmico em Jerusalém e tornou-se um dos fundadores do Partido Istiqlal (Independência), em 1932. No mesmo ano, integrou o Comitê Superior do Fundo Nacional Árabe, destinado à arrecadação para preservação das terras palestinas.

A trajetória de Haj Ibrahim como líder político consolidou-se em 1934, quando venceu as eleições municipais de Haifa. Dois anos depois, em 1936, liderou o comitê nacional da cidade, convocando uma greve geral contra o colonialismo britânico. Preso pelas autoridades coloniais, foi internado no campo de Sarafand, de onde saiu em outubro do mesmo ano.

A repressão britânica intensificou-se após o assassinato do comissário de distrito da Galileia, Lewis Andrews, em 1937, resultando na prisão de Haj Ibrahim e seu exílio nas ilhas Seicheles. Ele permaneceu no exílio até 1938, quando foi libertado sob a condição de não retornar à Palestina.

Permissão para retornar ao país só foi concedida em 1940, quando já se encontrava em condições de saúde debilitadas. Em Haifa, voltou a atuar no setor bancário, mas suas tentativas de reorganizar a luta nacional palestina encontraram resistência e divisões internas.

Com a aprovação da Resolução de Partilha da ONU em 1947, Haj Ibrahim assumiu a defesa de Haifa, organizando a mobilização da juventude e convocando a formação de uma frente unificada para a resistência. Contudo, a cidade caiu nas mãos das forças sionistas em 23 de abril de 1948, e ele se refugiou em Amã, onde passou o restante de sua vida, falecendo e sendo sepultado em Damasco.

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