Embora poucos percebam, a bitonalidade não é rara na música clássica. Você vai encontrá-la em Os Planetas de Gustav Holst, em peças de Stravinsky, Ravel, e de muitos outros.
Sua definição é simples. Bitonalidade é quando a mesma linha melódica (ou linha de contrabaixo, ou acordes) é tocada em 2 tons diferentes simultaneamente. Esse recurso é usado com vários propósitos, mas o principal é criar um ambiente cômico e estranho na música. Um perfeito exemplo de bitonalidade é a peça orquestral de Daruis Milhaud “Le Boeuf sur le Toit” (O Boi no Telhado). O título faz referência a um famoso cabaré de Paris dos anos 20. A peça é cheia de ritmos populares que se misturam e repetem. O ambiente de cabaré é sentido com clareza pelas melodias dançantes dos anos 20. Muitas dessas melodias são brasileiras, pois Milhaud conhecia bem o Brasil e nosso cenário musical. No vídeo abaixo, lá pelos 5 minutos, você vai ouvir o maxixe “Corta Jaca” de Chiquinha Gonzaga.