Universidade Marxista

O que é a Oposição de Esquerda?

Curso "Bolchevismo e stalinismo" será ministrado nos dias 25 e 26 de outubro

No dia 25 de outubro, começa o mais novo curso da Universidade Marxista: Bolchevismo e stalinismo. Ministrado por João Jorge Pimenta, membro da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO), o curso debaterá a política da esquerda revolucionária frente a política desastrosa da burocracia soviética. Entre os assuntos fundamentais do curso, está a origem da Oposição de Esquerda.

O desenvolvimento da classe operária na Europa no final do século XVIII e início do XIX levou à sua inevitável tendência à organização independente. Primeiro vieram os sindicatos. Karl Marx e Friedrich Engels, já na Primeira Internacional (AIT), defenderam a importância dos sindicatos contra setores anarquistas. Em seguida, os trabalhadores compreenderam a importância da atividade política, organizando-se em grandes partidos políticos (como a Social-Democracia).

A organização internacional dos trabalhadores surgiu como tendência natural da luta. Os trabalhadores percebiam que os patrões importavam mão de obra para quebrar greves, demonstrando a necessidade de união internacional. Essa necessidade tem a mesma raiz das outras organizações operárias: a economia capitalista em si é um fenômeno internacional.

A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) foi criada na segunda metade do século XIX com a participação de Marx. Era heterogênea, com sindicatos (principalmente britânicos) e diversos grupos. Marx e Engels intervieram para explicitar a base econômica da exploração e a importância da luta política, da centralização e dos sindicatos. Após a derrota da Comuna de Paris, a AIT foi dissolvida por decisão de Marx e Engels. No entanto, impulsionou a criação de partidos operários.

Do esforço de organização surgiram grandes partidos (como o Social-Democrata Alemão) que, no final do século XIX, criaram a Segunda Internacional, formada por partidos políticos declaradamente socialistas. Foi uma etapa importante, com grande trabalho de propaganda e organização. Segundo Engels, ela deveria acumular forças para a revolução.

Com a Primeira Guerra Mundial (etapa do imperialismo), a maioria dos partidos socialistas traiu o internacionalismo proletário, apoiando a burguesia de seus países. Os bolcheviques, liderados por Lênin, se colocaram contra e defenderam o combate à guerra pela revolução proletária.

Após a Revolução Russa, Lênin convocou a formação da Terceira Internacional (Comintern) em 1918, que agrupou os setores mais ativos e rapidamente se tornou a maior organização internacional (com seções em quase todos os países).

Após a morte de Lênin, a direção burocrática liderada por José Stálin adotou uma política centrista que levou a um profundo revisionismo e a uma sequência de enormes derrotas da classe operária mundial em momentos revolucionários, como na Alemanha (1923), Inglaterra (1926) e China (1927).

Depois desses desastres provocados pela política direitista e centrista da direção da Terceira Internacional, houve uma ruptura no bloco centrista. Stálin assumiu o controle da organização, apresentando-se como uma política de “esquerda”, chamada de Terceiro Período, uma política que decretava que todos os partidos políticos eram fascistas, desde a Social-Democracia até o próprio fascismo, e que era preciso combatê-los todos. Enquanto Trótski chamava a atenção para a ofensiva da direita e a necessidade de unificar as forças da esquerda operária contra os fascistas, o Partido Comunista abria uma verdadeira guerra contra os outros partidos de esquerda.

Essa aventura stalinista acabou na derrota da classe operária alemã em 1933, diante da ascensão do nazismo, uma derrota que se deu sem luta. O fascismo significou a destruição de todas as organizações operárias na Alemanha. O objetivo de Hitler era erradicar as organizações da classe operária, desmantelando partidos e sindicatos.

Durante todo esse período, a partir da Rússia, desenvolveu-se uma força de oposição a essa loucura política, a chamada Oposição de Esquerda. Ela se formou primeiro dentro do Partido Bolchevique, foi esmagada pela força militar, seus militantes foram expulsos, mandados para campos de concentração, e Trótski foi exilado (primeiro na Rússia, depois na Turquia, e por fim no México).

A Oposição de Esquerda, no entanto, manteve-se organizada e começou a se organizar em outros países, como no Brasil, um dos primeiros na América Latina. Ela começou a fazer um trabalho de propaganda. A grande aposta de Trótski era que a política catastrófica dos partidos comunistas daria lugar a uma crise, e que as pessoas afastadas desses partidos retomariam a direção do movimento operário.

Os militantes expulsos eram difamados e caluniados para criar uma barreira entre eles e os militantes que ficavam. A campanha de calúnias contra Trótski foi uma das maiores que o mundo já viu.

A ideia de Trótski de que a Oposição de Esquerda poderia se transformar na direção do Partido Comunista em um momento de crise era plenamente justificada. Tivemos um exemplo disso no Brasil em 1932, quando os trotskistas em São Paulo chamaram uma Frente Única Antifascista (FUA) e conseguiram arrastar o Partido Comunista local para essa frente. A FUA foi protagonista da famosa Batalha da Praça da Sé, em que atacaram a manifestação integralista (fascista), fazendo-os recuar. Isso mostra que a maneira de acabar com o fascismo é o enfrentamento direto.

A Oposição de Esquerda, a partir de 1933, decidiu formar uma nova internacional depois do desastre na Alemanha.

Trótski entendia que o mundo estava numa etapa extremamente revolucionária e que, apesar das derrotas gigantescas provocadas pela direção stalinista, a possibilidade revolucionária era muito grande e imediata. Ele também entendia que a Terceira Internacional era completamente inútil para fazer qualquer coisa.

Mais do que isso, ao observar a reação ao desastre na Alemanha, Trótski viu que a Terceira Internacional e os Partidos Comunistas não esboçavam nenhum tipo de reação àquela catástrofe. Ele concluiu que atuar dentro dessa organização era muito difícil e que, dada a urgência da situação revolucionária, era preciso construir imediatamente uma outra organização que permitisse uma atuação firme no sentido revolucionário.

Até 1933, a política dos trotskistas era reorientar os partidos comunistas; eles se consideravam a Oposição de Esquerda e procuravam influenciar esses partidos. Em 1933, Trótski constatou que essa experiência estava esgotada e, por isso, ele lançou a construção da Quarta Internacional, para que o movimento pudesse agir por conta própria, agrupar forças revolucionárias e levar adiante uma política independente.

Ele estava certo, pois em 1936 teremos a Revolução Espanhola e a greve geral na França, e uma série de acontecimentos revolucionários que, pela falta de liderança da classe operária, acabarão na Segunda Guerra Mundial (a partir de 1939), facilitada pela política incorreta da direção stalinista.

A partir de 1933, como balanço da experiência alemã, Trótski convocou abertamente a formação de uma Quarta Internacional. Iniciou-se todo um processo que levou à constituição da Quarta Internacional, finalmente em 1938, em Paris, sob grande pressão terrorista do stalinismo.

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