Governo Lula

O problema não são as pesquisas, é a política

A um ano da eleição presidencial, vemos as direções do PT mais uma vez totalmente alheias à realidade

Na última sexta-feira (4), foi postado no portal Brasil 247 uma coluna assinada por Moisés Mendes que expõe o verdadeiro surto esquizofrênico que é a leitura dos analistas e lideranças ligados ao governo sobre a situação política nacional e a situação do governo Lula. A coluna entitulada “A guerra suja das facções das pesquisas” mostra bem como essas lideranças e personalidades ligadas ao PT estão vivendo uma realidade que claramente não é a nossa. Moisés aparece negando toda a realidade que está colocada, em uma matéria que parece ignorar tudo o que o governo efetivamente fez para perder popularidade.

Para o colunista, a perda de confiança da população com o governo, que é evidente desde o escândalo do PIX, mas que já vem se construindo de capitulação em capitulação do governo, simplesmente não existe, tudo seria uma manobra dos institutos de pesquisa, como ele disse, um “produto estragado”. Ainda segundo ele, Bolsonaro já seria uma carta fora do baralho, e a sua mera inclusão nas pesquisas de intenção de voto já seria uma evidência da tal manobra.

Acontece que a realidade não se trata das alucinações políticas do PT, mas sim daquilo que realmente acontece e, neste caso, toda a leitura apresentada por Moisés sobre essa situação é um evidente delírio. O governo perdeu sim muito apoio e se afastou das bases, pois está desde o primeiro dia tropeçando de capitulação em capitulação para a direita. A política fiscal implementada por Fernando Haddad é uma das mais flagrantes capitulações que o governo faz todos os dias, pois é uma envergonhada política neoliberal de ataque aos trabalhadores. Os programas de benefícios propostos pelo governo são muito insuficientes e vem a preços muito caros, pois a dona “austeridade” sempre precisa estar satisfeita. A dívida externa continua intocada, e o que o governo procura trazer de ganho para a população pobre tem de estar sempre muito bem delimitado pelos banqueiros, que demandam metade do orçamento federal, independentemente da necessidade do povo. Os esforços do governo em “aumentar a arrecadação” miram todos na classe média que já está com a corda no pescoço ou até naqueles que não tem mais onde se segurar, como vimos no caso da vigilância do PIX, que iria atacar a renda de milhões de pessoas que já sobrevivem no subemprego. Outro fator é a política de caça às bruxas nos benefícios como BPC e o Bolsa Família, que só enxergam anúncios de cortes de beneficiários com o anúncio de novos critérios cada vez mais restritivos para se conseguir acesso a uma caridade estatal miserável. Enquanto o pobre, aposentado e inválido têm que sobreviver a todos os pentes finos, impostos e ainda ao caos econômico que é imposto no país pelo Banco Central e pelo agronegócio, os grandes capitalistas internacionais abocanham bilhões de reais do orçamento federal.

Até a mais simplória das pessoas consegue notar que esse tipo de política não é popular, é possível perceber que ela também não vai a lugar algum. Tentar jogar os erros político para debaixo do tapete, colocando a culpa nos institutos de pesquisa não vai salvar governo da desgraça em que ele se colocou. Se o esforço mental das personalidades políticas da esquerda puder ser direcionado a algum lugar, esse lugar com certeza é uma revisão total da política do governo.

É preciso entender que não existe margem para fazer a política que está sendo proposta pelo governo. Não é possível esperar que o povo aceite com um sorriso no rosto pagar o pato da dívida externa nacional enquanto os salários não aumentam, a inflação come solta e a ajuda do governo fica cada vez mais escassa. Esperar que esse trabalhador vote para reeleger um governo que está fazendo isso é ter muita imaginação. Se o PT pretende se manter vivo em 2026 e não entregar o país para a direita, é preciso mudar de política: abandonar a política neoliberal e confrontar os capitalistas e o imperialismo, o que só é possível por meio da mobilização das massas.

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