A edição da revista Veja desta semana traz como capa o Plano T, isto é, o plano em volta do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que se torne o próximo presidente da República.
A ideia não é uma iniciativa isolada da revista Veja. Ela traz a público uma iniciativa do conjunto da burguesia de preparar o terreno para as eleições presidenciais de 2026. A pouco mais de um ano do próximo pleito, é difícil saber ainda qual será o candidato oficial do grande capital. É pouco provável, inclusive, que já haja um consenso. Mas o “plano T” é a prova de que já há uma política em curso.
A política é clara: para o grande capital, nem o presidente Lula (PT), nem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem concorrer às próximas eleições. Isto é, as duas maiores lideranças populares do País, que, juntas, tiveram quase 120 milhões de votos em 2022, não devem voltar ao Palácio do Planalto.
Do ponto de vista jurídico, Bolsonaro está, neste momento, inelegível. Isto é, caso fosse candidato, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassaria a sua candidatura, o que obrigaria os bolsonaristas a apoiarem outro candidato. Lula, por sua vez, segue elegível.
O problema, para a esquerda, é que o governo Lula segue naufragando a ritmo bastante veloz. Pressionado de todos os lados, o governo vem dando uma guinada à direita, fazendo todo tipo de concessão a seus inimigos políticos, levando à sua desmoralização junto àqueles que o elegeram.
A desmoralização do governo pode levar a uma derrota eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT). Ou pode levar o próprio Lula, com idade já avançada, a abrir mão de sua própria reeleição. Nesse cenário, nem Lula, nem Bolsonaro seriam candidatos, e o caminho estaria livre para o “plano T”.
Trata-se de um plano complicado de ser implementado. Ele dependerá do desenvolvimento da situação política. O bolsonarismo tem crescido a cada ano e tem se radicalizado na medida em que aumenta a perseguição contra o seu líder. Esse certamente será o maior desafio ao plano da burguesia.
A importância da capa da Veja neste momento é que ela esclarece, do ponto de vista das classes sociais, qual o sentido da acusação da Procuradoria Geral da República (PGR) contra Bolsonaro. Ela não é parte de uma ofensiva contra o golpismo. Pelo contrário, é parte de um plano da burguesia para aumentar ainda mais o controle do regime político e evitar que líderes de grande popularidade cheguem à presidência.