Política Internacional

O novo Papa e a luta política no Vaticano

Neste Natal, relembre a crise instaurada na Igreja Católica após a morte do papa Francisco

Em 21 de abril de 2025, morreu no Vaticano o papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio), aos 88 anos, após ter deixado o hospital menos de um mês antes, onde esteve internado por uma pneumonia dupla. A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell: “às 7h35 desta manhã [2h35 de Brasília], o bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai”. No mesmo dia, começaram os ritos fúnebres e, na terça-feira (22), ocorreria a primeira reunião da Congregação dos Cardeais para organizar a Sé Vacante, funeral e calendário do conclave.

A última aparição pública de Francisco foi no domingo (20), quando, na bênção de Páscoa, citou a Faixa de Gaza e afirmou existir uma “crise dramática e indigna”. Na mesma fala, porém, condenou o “aumento do antissemitismo” no mundo, fórmula que, na prática, costuma ser usada para desviar a atenção dos crimes do Estado de “Israel” e colocar o povo palestino e seus apoiadores sob suspeita.

Lula (PT) divulgou nota de pesar e decretou luto de sete dias. O Hamas também publicou uma nota de condolências, afirmando que Francisco teve “posições notáveis” e que, em diversas ocasiões, condenou os “crimes de guerra e genocídio” contra o povo palestino em Gaza.

O primeiro papa nascido nos EUA

Pelas regras do Vaticano, o conclave é convocado dias após a morte do papa. Em 7 de maio, os cardeais com menos de 80 anos se reuniram na Capela Sistina sob sigilo e, em 8 de maio, após a fumaça branca, o Vaticano anunciou a eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost. Ele adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o 267º papa e o primeiro nascido nos Estados Unidos a chefiar a Igreja Católica.

O “Habemus Papam” foi proclamado pelo cardeal protodiácono Dominique Mamberti. Em seguida, Leão XIV apareceu na Basílica de São Pedro e fez suas primeiras declarações públicas, afirmando: “esta é a paz do Cristo ressuscitado — desarmado e desarmador, humilde e duradouro”. Em espanhol, dirigiu-se aos fiéis da América Latina e recordou a trajetória no Peru, onde atuou por décadas e foi bispo de Chiclayo, nomeado por Francisco em 2015.

Prevost nasceu em Chicago, em 14 de setembro de 1955, ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977 e construiu carreira entre os EUA, o Peru e Roma. À época da eleição, analistas apontavam o cardeal Pietro Parolin como um dos favoritos, expressão da disputa interna no Vaticano sobre a orientação do próximo pontificado.

Ainda que o conclave em si tenha se encerrado rapidamente, a Sé Vacante e a própria expectativa em torno de nomes ligados à máquina central do Vaticano mostraram que havia uma queda de braço sobre o rumo da Igreja num momento internacional explosivo.

A eleição do primeiro papa norte-americano não é um detalhe. Os EUA são o principal país imperialista do mundo. Colocar um norte-americano na chefia do Vaticano, numa etapa de guerra e crise internacional, aponta para a pressão direta do centro do imperialismo sobre a orientação política da Igreja.

As reações dos chefes de Estado reforçaram esse sentido. Donald Trump declarou: “que grande honra para o nosso país”. Autoridades europeias também celebraram o resultado e passaram a apresentar o novo pontífice como figura de “diálogo” e “paz”.

Em dezembro, Leão XIV realizou sua primeira viagem ao exterior, visitando a Turquia e se reunindo com Tayyip Erdogan. No dia 30 de novembro, em entrevista, declarou que “a única solução para o conflito de décadas entre Israel e o povo palestino deve incluir um Estado palestino” e acrescentou: “todos nós sabemos que, neste momento, Israel ainda não aceita essa solução, mas nós a vemos como a única solução”.

A frase decisiva veio em seguida: “também somos amigos de Israel e estamos tentando ser uma voz mediadora entre as duas partes para ajudá-las a chegar a uma solução com justiça para todos”.

Essa posição é a repetição da política do imperialismo: falar em “Estado palestino” de maneira abstrata, enquanto se preserva o Estado de “Israel” para tentar dominar militarmente a região.

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