HISTÓRIA DA PALESTINA

O jornalista palestino que denunciava o sionismo já em 1913

Isa al-Isa fundou o jornal Filastin e foi um defensor incansável da causa palestina, utilizando a imprensa como arma para travar essa luta

Isa al-Isa, jornalista palestino nascido em Jafa, destacou-se como um dos mais importantes jornalistas árabes do século XX. Fundador do jornal Filastin, foi um dos primeiros a denunciar o perigo do movimento sionista na Palestina, antecipando as graves consequências da colonização que se consolidaria nas décadas seguintes.

Filho de Dawud al-Isa, de uma família ortodoxa cristã envolvida no comércio de óleo e sabão, Isa al-Isa foi educado em instituições renomadas, como o Collège des Frères, em Jaffa, e a escola ortodoxa Kaftun, no norte do Líbano. Aprendeu inglês, francês e turco, formando-se na Universidade Americana de Beirute. Ainda estudante, em 1897, fundou, ao lado de Hafiz Abd al-Malik, a publicação semanal al-Nukhab, que era impressa em gelatina.

Após concluir seus estudos, Isa al-Isa teve uma trajetória profissional diversificada, trabalhando no consulado persa em Jerusalém e no mosteiro copta como tradutor, além de atuar como jornalista no jornal egípcio al-Ikhlas e como contador no governo sudanês no Cairo. Em 1910, retornou a Jafa, onde trabalhou brevemente no Banco Otomano.

A fundação do Filastin e a luta contra o sionismo

Em janeiro de 1911, Isa al-Isa fundou o jornal Filastin, inicialmente voltado para a comunidade ortodoxa, mas que logo se tornou um bastião da denúncia contra o sionismo. O jornal alertava sobre o perigo da colonização judaica na Palestina e defendia os interesses árabes frente às investidas sionistas e à dominação otomana.

O Filastin tornou-se alvo das autoridades otomanas, sendo fechado em outubro de 1913 sob a acusação de incitar preconceito étnico. Isa al-Isa exilou-se no Egito, onde continuou a denunciar o projeto sionista em artigos rejeitados pela maioria dos jornais locais. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, retornou à Palestina, onde o Filastin pregava a neutralidade otomana. Novamente fechado pelo governo, Isa foi julgado em Damasco e condenado a 300 dias de prisão, pena que foi posteriormente convertida em uma multa de cinquenta liras otomanas. Em 1916, foi deportado para a Anatólia.

A retomada do Filastin e a resistência nacional

Com a derrota otomana e a entrada das forças árabes em Damasco em 1918, Isa al-Isa integrou a administração de Emir Faisal e participou de atividades políticas relevantes, incluindo a assinatura de uma declaração contra o sionismo enviada à Conferência de Paz de Paris. Após a queda do regime de Faisal, fundou, com seu primo Yusuf al-Isa, o jornal Alif Ba’ em Damasco, em 1920.

Em 1921, retornou a Jafa e reeditou o Filastin, agora com publicações três vezes por semana e, a partir de 1930, diariamente. O jornal consolidou-se como a principal voz da Resistência Palestina contra o colonialismo britânico e o sionismo. Isa também fundou a Associação Muçulmano-Cristã de Jafa e esteve envolvido na criação do Partido da Liberdade da Palestina, que defendia a independência e os direitos nacionais palestinos.

O Filastin também desempenhou papel relevante na promoção da identidade cultural palestina, cobrindo eventos esportivos e apoiando a criação de clubes e federações locais, fortalecendo a coesão social frente à opressão colonial e ao expansionismo sionista.

O legado de Isa al-Isa

Isa al-Isa morreu em 1950, em Beirute, mas seu legado permanece como símbolo de resistência e denúncia contra o projeto sionista. Seu jornal, Filastin, continuou a ser publicado até 1948 em Jafa, sendo reativado em 1950 em Jerusalém Oriental por seu filho Raja al-Isa, até seu fechamento definitivo em 1967.

Mais do que um jornalista, Isa al-Isa foi um defensor incansável da causa palestina, utilizando a imprensa como arma para travar essa luta diante dos avanços do sionismo e do imperialismo.

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