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Palestina

O Hamas e o Estado Islâmico não são aliados

Os sionistas constantemente comparam o Hamas ao Estado Islâmico, uma calúnia, o EI segue a linha politica do Islã que mais defende o Estado de 'Israel'

O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, é constantemente comparada ao Estado Islâmico (EI) e a Al-Qaeda pela imprensa burguesa sionista mundial. É uma tentativa de caluniar o Hamas por meio da incompreensão das diferenças entre diferentes grupos muçulmanos que existem no Oriente Médio. A linha política e religiosa do Hamas e do EI é totalmente diferente e o local perfeito para compreender isso é a Síria. Lá os mercenários salafistas, da linha do EI, tomaram o poder com apoio dos EUA e de “Israel”.

Primeiro vale uma diferenciação simples das vertentes do Islã. Os sunitas são a maioria no Oriente Médio, os xiitas estão concentrados no Irã e no Iraque, mas são a maioria dos grupos do Eixo da Resistência. O Hamas é um grupo sunita, o Hesbolá e o Ansar Alá do Iêmen são xiitas.

O Hamas é da linha sunita da Irmandade Muçulmana, que surgiu no Egito já expressando o nacionalismo no século XX. Os salafitas, a linha do Estado Islâmico, da Al-Qaeda, do HTS da Síria, também são sunitas, mas seguem a linha criada na Arábia Saudita, ou seja, um dos países mais reacionários do Oriente Médio.

Esses salafistas, por terem relação com o regime reacionário da monarquia saudita, foram usados pelos EUA para atacar seus inimigos diversas vezes. O caso mais famoso foi o do Afeganistão, quando os salafistas foram armados pelos EUA para atacar a URSS. Aqui surge a confusão, esses mesmos grupos depois se chocaram com o imperialismo.

O mais famoso deles foi a Al-Qaeda de Bin Laden que atacou os EUA no dia 11 de setembro de 2001. Mas a relação do imperialismo com os salafistas sempre foi ambígua pois no Oriente Médio eles são muito úteis, vide o caso da URSS na década de 1980 e na Síria na década de 2010.

A Al-Qaeda, sempre teve como política combater os “inimigos próximos”, ou seja, os regimes árabes e governos locais, antes de iniciar uma guerra mais ampla contra o “inimigo distante” (os Estados Unidos e o imperialismo em geral). A doutrina da organização parte da premissa de que a batalha principal é libertar os territórios islâmicos dos governantes seculares e corruptos.

Daí vem sua utilidade para o imperialismo, se essa guerra for direcionada ao Líbano e à Síria os inimigos do imperialismo estarão sendo atacados. O EI elevou isso ainda mais queriam estabelecer o califado islâmico no Iraque, na Síria e no Líbano, mas curiosamente não na Palestina.

O confronto do Hamas com os salafistas

Quando os salafista chegaram perto da Palestina, com o avanço do Estado Islâmico na Síria, houve o embate entre eles e o Hamas. O grupos salafistas estão em desacordo com as organizações palestinas mais diretamente envolvidas na luta contra “Israel” como o Hamas ou a Jiade Islâmica, além de outros grupos laicos ou nacionalistas.

Eles acusam os palestinos, especialmente o Hamas, de não serem suficientemente islâmicos, afirmando que cooperam com governos “apóstatas”, se referindo ao Irã e à Síria. Eles também criticam o Hamas por sua participação no sistema político palestino, considerando isso uma forma de concessão ou compromisso com o secularismo e até mesmo apostasia. Os grupos salafistas geralmente rejeitam qualquer participação política que não se baseie em sua interpretação estrita do Islã.

Isso levou a embates armados na Síria, onde meio milhão de palestinos viviam antes da guerra. Os palestinos não receberam tratamento especial, foram vítimas da ditadura do EI e foram uma das bases da resistência que libertou a Síria de sua presença. Hamas e Estado Islâmico portanto são duas organizações na prática em guerra. Já “Israel” tem um acordo de paz com o EI, quando os mercenários atacaram acidentalmente território controlado pelos sionistas na Síria fizeram questão de pedir desculpas.

Já o Hamas segue a linha nacionalista real, de embate ao imperialismo. A Irmandade Muçulmana expressa esse nacionalismo sunita e por isso foi alvo do imperialismo em diversos momentos. No Egito, o único presidente eleito da história, Morsi, era da IM.

Ele foi derrubado por um violento golpe militar organizado pelos EUA em 2013. Na Jordânia a monarquia controlada pelos EUA persegue a IM. Ou seja, nesse momento o principal grupo sunita que combate o imperialismo são os filiados à IM, principalmente o Hamas.

Os salafistas, com sua ideologia confusa, se transformaram em uma ferramenta do imperialismo no Oriente Médio. Não há nenhuma outra explicação para não haver ataques contra “Israel”.

Há um fator material que explica isso também. Os grupos sunitas da IM são partidos políticos reais, ligados à população local de cada país. Os salafistas fora das monarquias do golfo não são um movimento local, são um exército internacional de mercenários que se sustenta no dinheiro do imperialismo.

 

O dinheiro pesa muito mais que a ideologia. Assim o aspecto de combater primeiro os vizinhos e depois os EUA pode ser muito ressaltado.

Qual o ápice disso? Em 14 meses de genocídio em Gaza, o HTS da Síria, grupo salafista, não atacou “Israel”. Depois que ele tomou o poder foi atacado por “Israel” brutalmente, mas não revidou e disse que não irá revidar. Conclusão, os salafistas se tornaram os cachorros dos EUA no Oriente Médio, são a versão islâmica do sionismo, ou seja, inimigos mortais do Hamas.

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