A situação política do governo Lula é “pior do que parece”, afirma Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária (PCO). Segundo ele, o Congresso Nacional está “trabalhando pela derrota eleitoral de Lula” e a estratégia de culpar o parlamento pelas dificuldades não surtirá efeito nas urnas. “Para que você cause um impacto, você precisa arrumar uma briga feia. Precisa sair faísca, precisa trocar soco”, defende Pimenta.
O presidente do PCO critica a política anti-mobilização das direções petistas: “o pessoal jogou tanta água na pólvora que, na hora que ele precisa da pólvora para atirar, ela não pega fogo”. Para ele, o governo Lula está “conformista” e não demonstra o “nível de realismo necessário” para enfrentar as dificuldades. O aumento da taxa de juros a 15% por parte do Banco Central é um exemplo de ação que “desanima qualquer pessoa”.
O ‘sistema podre’ e o fracasso do governo
Apesar de reconhecer a boa intenção de Lula, Pimenta concorda com a percepção do rapper Mano Brown de que o “sistema é podre”. Contudo, o presidente do PCO vai além e afirma que “cabe ao presidente acima de tudo” enfrentar e denunciar esse sistema. Ele compara a situação de Lula à de Getúlio Vargas, que não conseguiu enfrentar o sistema e foi “massacrado”. Para Pimenta, Lula deveria ser “mais Getúlio” no enfrentamento, mobilizando o povo em sua defesa, pois a política atual é um “conformismo”.
“Eu acho que o governo é um fracasso”, declara Rui Costa Pimenta, explicando que, mesmo que Lula consiga a reeleição, isso não será um sintoma de sucesso, mas sim de uma escolha pelo “menos pior”. Ele argumenta que a população, em sua maioria, percebe apenas os “grandes traços” da política, e que o governo Lula “pisou na bola inúmeras vezes com a população pobre” em questões como taxas e o Pix.
A direita e o ‘projeto Tarcísio’
Rui Costa Pimenta afirma que a direita também percebe o cenário político. Ele interpreta que o próprio Jair Bolsonaro já “sabe perfeitamente que o negócio é tirar ele da eleição”. A disputa interna na direita para ver quem “indulta” Bolsonaro, como o compromisso público de Ronaldo Caiado, demonstra a complexidade desse xadrez político. Pimenta alerta que o governo de Tarcísio será “bem pior do que o governo do Bolsonaro, mas não vai ser bolsonarista”.
Sobre o apoio da direita aos setores bolsonaristas, Pimenta sugere que há um segmento que “genuinamente é a favor das liberdades” e outro que percebe que “antiglobalismo é anti-imperialismo”. Ele defende que a esquerda deveria “estender uma ponte” com esses setores, pois a luta atual é de ideias, e não de um confronto físico generalizado.
Brasil e o conflito internacional
No âmbito internacional, Rui Costa Pimenta critica a “campanha de desinformação” da grande imprensa sobre o poderio militar do Irã, afirmando que o país tem “superioridade militar sobre Israel”. Ele considera a tese de que “Israel” está em “ameaça existencial” como “absurda”, destacando que “‘Israel’ é uma ameaça existencial para todos os países da região”.
Pimenta vê o ataque ao Irã como um ataque aos países oprimidos e ao bloco político dos BRICS, já que o Irã é um “grande aliado” da China e da Rússia e peça fundamental para projetos como a Nova Rota da Seda. A posição brasileira diante do conflito é duramente criticada: “a diplomacia brasileira, infelizmente, está muito dominada pelo sionismo”. Ele defende que o Brasil deveria romper relações com “Israel”, pois “o Brasil não precisa de nada que ‘Israel’ faça, nada”, e que o petróleo brasileiro está sendo usado para “matar os palestinos”. A atitude do Brasil sinaliza que “o Lula não governa o País”, na visão do presidente do PCO.
Por fim, Rui Costa Pimenta alerta para a possibilidade de extinção ou redução drástica do Bolsa Família em um futuro governo de “destruição nacional”, como o do Tarcísio. Contudo, ele acredita que as crises econômicas podem levar a uma “tendência para despertar” da população brasileira. “A revolução mais ou menos acontece quando o povo chega num beco sem saída”, conclui.
