Universidade de Férias

O fim do bloco soviético foi uma manobra da burocracia stalinista

Na quinta aula desta edição da Universidade de Férias, Rui Pimenta explicou como a burocracia, aterrorizada com a classe operária, começou a restauração capitalista

Na sexta-feira (31), foi ministrada a quinta aula do curso da Universidade de Férias, “A Crise do Imperialismo”. O palestrante Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, apresentou diversos temas importantes dando continuidade à aula anterior, que tratava sobre a crise dos regimes políticos do leste europeu, que é na verdade a crise do regime político da burocracia da União Soviética.

Ele começa relembrando o tema da aula anterior a crise dos regimes do leste europeu, que eram subordinados à burocracia stalinista da URSS. Pimenta comenta que: “os acontecimentos no leste europeu são um produto da crise capitalista. Esses países estão profundamente imbricados com a economia capitalista, isso é uma demonstração cabal da tese da Revolução Permanente, não é possível construir uma economia isolada da economia mundial. Daí a necessidade de realizar a revolução mundial. A Rússia revolucionária imediatamente criou a Terceira Internacional e começou a organizar Partidos Comunistas em vários países e dar um caráter internacional à Revolução Russa. Isso acabou com a ascensão do stalinismo e a tese do ‘socialismo em um só país’. O colapso aconteceu devido à política reacionária do socialismo em um só país”.

Ou seja, a política reacionária do stalinismo fez com que as crises políticas na Hungria, na Tchecoslováquia e na Polônia fossem se tornando cada vez maiores com revoluções em todos esses países. A Revolução na Polônia foi o último tema a aula 4. Essa crise então chegou no principal país do leste europeu, a Alemanha Oriental.

Pimenta explica: “o muro de Berlim não é uma defesa contra o capitalismo. O que acontece é que em 1961 a população de Berlim oriental começa a se transferir para Berlim ocidental. Isso ameaça o colapso da ordem criada pelos EUA e pelos russos. A burocracia não sabia o que fazer e o imperialismo ficou alarmado. Quem deu a ideia de criar o muro foram os norte-americanos. O senador William Fulbright foi crucial nisso. Ou seja, não é nenhuma luta contra o imperialismo, foi uma política do imperialismo”.

Em 1989, a crise do leste europeu era total. Assim começou a grande migração da Alemanha oriental para a Alemanha ocidental. Em Berlim a população se levanta e começa a derrubar o muro, era o começo do fim do regime. A burguesia imperialista montou uma operação para impedir que se iniciasse um processo revolucionário.

Mas antes de explicar isso Rui Pimenta fez questão de destacar a importância da unificação alemã. “A criação da Alemanha Oriental não foi uma conquista revolucionária, foi uma operação contra-revolucionária. A divisão da Alemanha foi muito diferente da Coreia e do Vietnã. Essas duas foram resultado da luta revolucionária. A trégua, uma política de conciliação, levou a divisão. Já na Alemanha oriental foi diferente. Stálin, a Inglaterra e os EUA montaram esse plano no fim da II Guerra Mundial foi um ataque contra o país. A reunificação alemã era algo progressista portanto, de fato, foi algo revolucionário”.

O processo todo foi feito da forma reacionária, pois não havia uma direção da classe operária capaz de liderar o movimento. Mas a reunificação em si é algo progressista, o principal problema da Alemanha naquele momento era a divisão, da mesma forma que é o principal problema da Coreia hoje e era o grande problema do Vietnã.

A queda da União Soviética

A aula então prosseguiu explicando como se deu o processo de fim da URSS. “A burocracia, após a revolução na Polônia, passa a buscar a transição para o capitalismo. Ou seja, a queda desses regimes foi obra da classe operária, e não do imperialismo. Foi a revolução proletária na Polônia que colocou tudo abaixo. A burocracia, sabendo que ia afundar, tomou medidas para acabar com o Estado operário”, colocou Rui.

Quando Gorbachov assumiu a direção do país ele apresentou o plano de reformas, Perestroika e Glasnost. Naquele momento toda a esquerda começou a elogiar a ‘democratização’ da URSS, inclusive trotskistas. Mas aquilo era um plano de restauração do capitalismo. A ideia da burocracia soviética era andar lentamente nesse caminho. Só que esse plano não funcionou.

Pimenta explica que “a burocracia não combinou com os russos e, assim, os operários começaram uma quantidade gigantesca de greves. Essa situação ficou insustentável. Enquanto Gorbachov procurava a transição gradual nos demais países do leste europeu a situação era ainda mais difícil, são países menores e mais fracos”.

Esse foi o ápice da exposição da crise dos regimes ligados à burocracia soviética. O ponto central foi explicar que não foi o imperialismo que conseguiu derrubar os regimes políticos do bloco soviético, foram os trabalhadores que os derrubaram. Mas não havia uma direção desses trabalhadores. Quando a burocracia se viu confrontada pela crescente tendência revolucionária ela decidiu restaurar o capitalismo. Foi em meio a essa desagregação que o imperialismo entrou em cena e tomou o controle desses países.

Esse será o tema da próxima aula da Universidade de Férias. Ela será ministrada no sábado (1º), a partir das 11h, direto de Araçoiaba da Serra ou no portal da Universidade Marxista.

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