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Editorial

O ‘feliz ano novo’ do Estadão a Lula

Apoiar-se no povo a única forma segura de se lidar com um Congresso hostil e uma direita centrista que se não for combatida, levará o governo ao seu fim

O editorial do jornal Estado de S. Paulo, publicado no último dia 2, é um verdadeiro é uma verdadeira pérola do cinismo. Sob o título Uma reforma contra a mediocridade, o órgão burguês, que não esconde seu alinhamento golpista, inicia o ano renovando sua campanha contra o governo Lula e colocando na conta do PT, uma crise de governabilidade que na realidade, tem origem nos elementos direitistas que o imperialismo usa para manter o governo sob rédeas curtas. Enquanto diz que o primeiro a ser demitido seria o próprio Lula caso o critério seja a “ineficiência”, o órgão se dedica a tecer elogios a ninguém menos que Simone Tebet, titular do Ministério do Planejamento.

Segundo o jornal, Tebet tem uma das “maiores médias” de avaliação entre os ministros, conforme levantamento do “insuspeito” instituto de pesquisas bolsonarista Instituto Paraná. O editorial, porém, não para por aí.

Para o jornal, o terceiro mandato do presidente é uma coleção de fracassos, que inclui ministérios medíocres e uma coalizão multipartidária disfuncional. Acima de tudo, merece ser lido para clarear as ideias absurdas de quem ainda defende a frente ampla.

Até aqui, com a metade do mandato transcorrida, a submissão aos setores da direita que participam do governo não trouxeram paz ou governabilidade, mas serviram para enfraquecer a capacidade de Lula resistir à pressão direitista. Tal qual os banqueiros com o corte de gastos, os “aliados” da direita imperialista são um também um saco sem fundo e cada nova capitulação, longe de acalmar o imperialismo, a única coisa que o governo consegue é estimular a ambição da direita por mais espaço e poder.

“O PT tem 43% das pastas (17) e apenas 13% das cadeiras na Câmara”, escreveu o editorialista, apresentando o número como resultado de uma “histórica incapacidade petista de dividir o poder com aliados”. Para o imperialismo, a quem o Estadão representa, Lula tem de ceder mais, de preferência até se tornar indistinguível de um governo tucano. Trata-se claramente de uma política fadada ao fracasso, que precisa ser corrigida o quanto antes.

Para isso, a verdadeira reforma necessária é a que resulte na expulsão dos elementos opostos à política nacionalista e desenvolvimentista de Lula. O centro de toda a crise reside justamente no fato de o governo se afastar de suas bases, com uma política econômica que castiga duramente a classe trabalhadora, beneficiando apenas os banqueiros, o que termina corroendo seu capital político e por fim, alimentando uma espiral que em algum momento precisará ser interrompida, sob o risco de o governo ficar desmoralizado o bastante para animar aventuras golpistas, o que o Brasil já viu, terá consequências catastróficas para a classe trabalhadora.

Não se trata de um jogo perdido, mas para se livrar da pressão imperialista, Lula deve ter a coragem de fazer o que se espera dele e governar para o povo, amparando-se na mobilização popular para impor um programa que desenvolva o País, traga empregos de verdade, aumente os salários e melhore as condições de vida dos trabalhadores. É a única forma segura de se lidar com um Congresso hostil e uma direita centrista que, como demonstra o Estadão, não está interessado em nada além de debilitar o governo, até o seu fim.

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