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Economia

O entusiasmo místico da esquerda por Galípolo

2025 promete ser o ano em que as ilusões para com o novo presidente do BC cairão por terra

O editorial deste último domingo (5) do portal Brasil 247, intitulado Galípolo será o personagem de 2025 e não deve ceder às pressões do mercado e sua mídia, serve de parâmetro para analisar as expectativas positivas que setores majoritários dentro do PT nutrem em relação ao novo presidente do Banco Central.

O artigo pontua que Galípolo assume o posto em “em meio a um dos períodos mais desafiadores da história recente da autoridade monetária”. Trata-se de um período, segundo o teor da matéria, marcado pela “instabilidade global”, que tende a crescer com a posse de Donald Trump nos EUA e os riscos de uma eventual escalada da “guerra comercial” em escala mundial.

Além do cenário internacional, “Galipolo terá de lidar com o combate incessante da mídia atrelada aos interesses do clube de especuladores encastelado na Faria Lima”. E, por fim, completando o quadro de dificuldades, “Galípolo herda um Banco Central marcado por decisões controversas (sic) sob a gestão bolsonarista de Roberto Campos Neto”, gestão essa que, com a política de elevação criminosa dos juros, atuou como fiel funcionária dos interesses especuladores financeiros nacionais e internacionais.

Mas, apesar do cenário difícil, o editorial pontua que o Banco Central, agora, está em ótimas mãos:
Dadas suas qualificações, estilo moderado e trajetória impecável, Gabriel Galípolo é a pessoa certa para liderar o Banco Central neste momento. Sua capacidade de transitar entre o mercado financeiro e os diversos setores da política e da economia o torna uma figura singular, capaz de construir consensos em meio a desafios. Sua habilidade de dialogar com transparência e empatia aproxima a autoridade monetária das pessoas diretamente impactadas por suas decisões.

“O entusiasmo do presidente Lula com o novo chefe do Banco Central reflete a confiança de que Galípolo saberá equilibrar o rigor técnico com a sensibilidade social. 

“Sob sua liderança, espera-se que o Banco Central comprometa-se com a credibilidade institucional, o crescimento econômico e a inclusão. Gabriel Galípolo tem todas as condições de se tornar o personagem central de 2025, conduzindo o Brasil rumo a um futuro mais estável, próspero e justo para todos os brasileiros.

É difícil encontrar algum elemento da realidade que embasaria um panorama tão otimista e auspicioso para Galípolo, como o descrito no texto de opinião do Brasil 247. A realidade, ao contrário, indica um quadro que tende a caminhar em sentido oposto.

Entre setores do petismo tem predominado a ideia de que Galípolo romperia com a política de seu antecessor, Campos Neto. O que fundamentaria tal perspectiva? Ninguém explica. Nenhum fato real, concreto é mencionado para explicar por que tal mudança de rota na política monetária aconteceria. A realidade, como dissemos, indica o contrário.

Galípolo é um homem ligado ao “mercado financeiro”. Se possui um perfil pessoal mais moderado do que o de Campos Neto, um bolsonarista declarado, esse fato é de quinta importância quando se tem em mente seus vínculos reais com os especuladores financeiros, que têm ditado, sem empecilhos, a política de juros do Banco Central.

Galípolo, em nenhum momento, se posicionou de maneira divergente da posição de Campos Neto. Pelo contrário. Apoiou todas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) que elevaram a taxa de juros para os patamares criminosos em que está situada hoje. 

Às vésperas de assumir o cargo, Galípolo, em entrevista coletiva, fez questão de bajular Campos Neto: “Roberto, a casa é sua, sempre estaremos de portas abertas para você. Sou muito grato por tudo que fez pela política monetária, pela casa e por todos nós. Obrigado mesmo, meu amigo”. E fez questão de elogiar os serviços prestados pelo seu antecessor:

Sou testemunha de que o Roberto, em todas as reuniões, atuou com preocupação em relação ao País, sempre pensando o que era melhor para a economia brasileira e o que era para o país e em fortalecer a gente”.

Diante desses fatos, como é possível sustentar que Galípolo será o personagem de 2025?

A indicação de Galípolo expressa, antes de qualquer coisa, a pressão que a burguesia ligada ao capital financeiro faz contra o governo Lula. O controle do imperialismo sobre o Banco Central, com sua criminosa “independência”, é uma das principais ferramentas dos poderosos para manter o País inteiro refém de seus próprios interesses.

A história demonstra que ceder ao mercado é um erro que custará caro. Não importa o quanto o governo tente agradar, o capital financeiro nunca estará satisfeito. Cada concessão apenas fortalece aqueles que trabalham contra os interesses nacionais e do povo trabalhador.

O verdadeiro caminho para o governo Lula é romper com essa política de conciliação e adotar medidas que enfrentem diretamente o poder dos grandes bancos e do imperialismo. Suspender o pagamento da dívida pública, reduzir os juros, reverter os cortes de investimentos e priorizar as demandas populares é o único meio de garantir o desenvolvimento necessário para o País.

Neste início de 2025, setores majoritários dentro do PT apostam entusiasticamente suas fichas em Galípolo, na esperança de que ele reverta a política anti-industrial e antipopular de Campos Neto. 2025 não promete ser o ano em que Galípolo despontará como “personagem central (…) conduzindo o Brasil rumo a um futuro mais estável, próspero e justo para todos os brasileiros”, mas promete ser o ano em que mais uma das ilusões otimistas e irreais de setores da esquerda cairá por terra.

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