No último sábado (26), foi realizada uma importante audiência pública em Araraquara-SP, convocada por vereadores de esquerda, com o objetivo de debater o programa “Universaliza”, do governo estadual, e propor um plebiscito popular contra a possível privatização do Departamento Autônomo de Água e Esgotos (DAAE). A iniciativa representa um passo necessário e urgente diante da ofensiva dos capitalistas contra um dos setores mais estratégicos da população araraquarense.
O “Universaliza” não é um programa técnico, tampouco uma política neutra. Trata-se de uma manobra articulada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas — o mesmo que cometeu um crime contra o povo ao privatizar a Sabesp — para pavimentar o caminho da entrega do saneamento aos grandes conglomerados privados. Uma política alinhada com o marco legal do saneamento, aprovado durante o governo Bolsonaro, um governo ilegítimo, forjado por meio da prisão política de Lula, que teve como objetivo central a entrega de estatais e controle da economia ao capital estrangeiro.
Não se trata de suposições. A adesão ao Universaliza já chegou a Araraquara pelas mãos do prefeito bolsonarista, Dr. Lapena, que se prontificou a seguir a cartilha de privatizações de Tarcísio. Um crime contra a população, que poderá perder o controle sobre um dos poucos serviços públicos que ainda funcionam com relativa eficiência. Com a privatização, o que se anuncia é o sucateamento e aumento do valor do serviço, além da exclusão social.
Durante as eleições, o Partido da Causa Operária (PCO) denunciou todos os partidos golpistas que agora se diziam “preocupados” com Araraquara. São os mesmos que participaram de todos os crimes contra o povo brasileiro desde a derrubada da presidenta Dilma Rousseff (PT), sustentando o governo Temer, apoiando a prisão arbitrária de Lula e a fraude que garantiu a vitória de Bolsonaro. Agora, atuam como linha auxiliar de Tarcísio e da direita, entregando o patrimônio do povo araraquarense aos grandes grupos econômicos.
A falência generalizada dos municípios brasileiros não será resolvida com privatizações ou parcerias público-privadas, mas com o fim da política de subordinação ao sistema financeiro. Mais da metade dos impostos pagos pelo povo são destinados ao pagamento de juros da dívida pública, um verdadeiro saqueio institucionalizado. Enquanto isso, falta dinheiro para infraestrutura, saneamento, educação, transporte e moradia.
É preciso romper com essa política. Derrubar o teto de gastos, que congela os investimentos públicos para garantir o lucro dos banqueiros, e explorar as riquezas nacionais como o “Novo Pré-Sal” da Margem Equatorial, que pode financiar uma verdadeira reconstrução do país. Mas isso não virá de cima. Somente uma grande mobilização popular, nas ruas, será capaz de barrar a destruição do patrimônio público e conquistar condições materiais dignas de vida para o povo trabalhador.
A luta contra o Universaliza é parte dessa batalha maior. É preciso mobilizar toda a cidade de Araraquara, os movimentos populares, os sindicatos, a juventude e a classe trabalhadora para dizer não à política neoliberal. Nenhuma confiança no governo estadual ou no prefeito bolsonarista. É hora de organizar as massas populares, tomar as ruas e defender: A água é do povo! O DAAE é do povo!



