Coluna

O capitalismo virou inimigo do progresso

O que antes foi uma força revolucionária, hoje é uma força reacionária

É comum que pessoas revoltadas e com pouco conhecimento pensem que o capitalismo sempre foi o maior demônio da humanidade. Embora isso pareça ter algum sentido por causa das notáveis mazelas que o capitalismo causa atualmente, é preciso entender que ele não foi sempre uma força reacionária.

Ao longo do processo de ascensão da burguesia e estabelecimento do capitalismo enquanto modo de produção dominante, ele provocou mudanças verdadeiramente revolucionárias. A transformação mais importante foi a destruição do modo de produção feudal e o consequente desenvolvimento das forças produtivas com uma intensidade nunca vista até então. A construção das máquinas de fiar, das máquinas a vapor, e da mecanização fabril como um todo, são alguns exemplos que levaram a uma robusta capacidade produtiva. Tal desenvolvimento foi responsável por aumentar, ainda que de forma limitada, a oferta de determinados produtos que antes eram acessíveis apenas a reis e nobres, como as roupas de tecido.

Foi também o desenvolvimento do capitalismo que fez com que surgisse a classe operária. Diante de tantos avanços industriais e uma centralidade cada vez maior dos trabalhadores na economia, a classe operária foi impulsionada a se organizar e, através da luta de classes, consolidou-se como força-motriz da história. Isso não seria possível enquanto o feudalismo existisse, pois os servos estavam muito dispersos e com possibilidade de organização limitada.

Mesmo com todos os avanços, o capitalismo, como os modos de produção anteriores, já entrou em sua fase terminal. Desde o final do século XIX, observa-se que ele não é capaz de desenvolver as forças produtivas com o mesmo dinamismo de antes, pois a concorrência entre empresas que era característica dos séculos anteriores foi progressivamente substituída por um cenário irreversível de domínio dos monopólios. Basta ver que quando uma grande rede farmacêutica ou de mercado se instala em um bairro, ela sufoca economicamente os pequenos comércios locais, levando-os ao fechamento. Esse processo de crescente monopolização não é uma anomalia, mas uma tendência inevitável do próprio sistema.

Outro sintoma de falência é que os direitos autorais e as patentes, por exemplo, tornaram-se barreiras significativas ao desenvolvimento das forças produtivas. Em vez de incentivarem a inovação, como prega o discurso liberal, essas formas de propriedade intelectual frequentemente impedem o acesso a conhecimentos e tecnologias já disponíveis. Isso dificulta, por exemplo, que modelos de inteligência artificial avancem, pois parte importante do conhecimento humano que poderia servir de base para treinar as inteligências artificiais está bloqueado por barreiras financeiras.

Outro exemplo gritante é o das grandes corporações farmacêuticas, que mantêm sob sigilo e controle exclusivo as fórmulas de medicamentos vitais, como antirretrovirais, vacinas e tratamentos contra o câncer, fazendo com que milhões de vidas deixem de ser salvas por motivos puramente comerciais. Vale lembrar que um dos fatores que permitiram o rápido desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19 foi justamente a abertura do conhecimento, pois os estudos sobre o vírus e sobre vacinas foram publicados sem barreiras de acesso. Ao não adotar o mesmo procedimento para o conjunto do conhecimento humano, o capitalismo contemporâneo não apenas limita, mas sabota ativamente o pleno desenvolvimento das forças produtivas.

Diante desse cenário, torna-se urgente a superação do capitalismo. É preciso romper com sua contradição central, de que pela primeira vez na história, a humanidade possui capacidade técnica e produtiva para atender às necessidades básicas de toda a população, como garantir alimento para todos, mas bilhões ainda vivem na fome e na miséria. A abundância potencial gerada pelo desenvolvimento das forças produtivas é sistematicamente bloqueada por uma lógica que subordina tudo à lucratividade, mesmo às custas da vida. Por isso, o modo de produção que deverá suceder o capitalismo é aquele capaz de colocar essa capacidade produtiva a serviço do bem comum, socializando o que hoje é apropriado privadamente: o socialismo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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