A vitória do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), conquistando o acordo de cessar-fogo, está entre os maiores feitos da luta dos oprimidos. A Faixa de Gaza é um pequeno pedaço de território, do tamanho de um bairro da cidade de São Paulo. E o povo desse bairro conseguiu, praticamente sozinho, impor uma derrota humilhante não apenas a “Israel”, mas a todos os países imperialistas.
Uma força guerrilheira de um espaço de 360 km² veio se enfrentando contra todos os países mais poderosos do mundo. Boicotados pelos países vizinhos, como Egito, Jordânia e Arábia Saudita, os palestinos resistiram durante 15 meses, abriram uma crise sem precedentes no Estado sionista. É uma proeza sem par, nem mesmo considerando momentos gloriosos, como a Revolução Cubana, a Revolução Chinesa e a Revolução Iraniana.
Os únicos que aturam ao lado da Resistência Palestina foram o Hesbolá, que é quase uma milícia paraestatal, o Ansar Alá, que governa um dos países mais pobres da região e que se encontra em guerra há anos, a República Islâmica do Irã e demais integrantes do Eixo da Resistência.
Mesmo esse apoio, ainda que fundamental, não se deu nos campos de batalha de Gaza. Em Gaza, os únicos combatentes que enfrentaram “Israel” foram os do Hamas, da Jiade Islâmica, da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP) e das demais forças da resistência palestina.
Essa é a primeira vez que “Israel” é obrigado a reconhecer, na prática, que o Hamas é parte legítima no conflito. Foi obrigado a sentar na mesa e negociar. Em todo o Oriente Médio, os feitos do Hamas estimularão os povos a enfrentarem os seus opressores.
E não apenas “Israel” saiu desmoralizado do conflito. O imperialismo de conjunto saiu enfraquecido e em crise. Mesmo em uma contraofensiva, o imperialismo viu o Partido Democrata ser derrotado nos Estados Unidos, o governo de Justin Trudeau cair no Canadá e o governo alemão de Olaf Scholz entrar em colapso.
Ainda que de forma parcial, um bairro dotado de pessoas extraordinárias venceu o império.