No último dia 27 de agosto, os países membros da Comissão Europeia, representados por sua presidente (Ursula Von der Leyen) firmaram acordo comercial entre a UE e os Estados Unidos, aceitando tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos que os EUA importam dos países membros do bloco europeu.
Em perspectiva mais ampla, o acordo tarifário, ainda que muito prejudicial e lesivo, principalmente à população do velho continente – que, a bem da verdade, é quem irá pagar a conta – é somente uma parte da gigantesca perda causada à Europa ao aceitar curvar-se passivamente aos ditames do imperialismo, particularmente no que diz respeito às relações comerciais e energéticas com a Rússia, que os países europeus foram obrigados a abandonar, cortar laços, tudo por imposição dos EUA, que, como é sabido, desejam e tentam de todas as formas atingir a Rússia, sufocar o país e sua economia.
Os números são verdadeiramente astronômicos. Estima-se que as perdas do bloco econômico europeu com o fim da cooperação com a Federação Russa no setor de energia e a redução do comércio, de uma forma geral, ultrapassaram 1 trilhão de euros, segundo o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Grushko.
A recusa em cooperar com a Rússia impacta diretamente a economia da União Europeia. Para termos uma pequena ideia do que isso representa, o custo do gás natural na Europa é quatro a cinco vezes maior do que nos Estados Unidos, e a eletricidade é duas ou três vezes mais cara.
O declínio das relações comerciais entre a União Europeia e a Rússia vem se acentuando desde 2013, “quando a movimentação comercial girava em torno de 417 mil milhões de euros. No ano passado (2024) eram 60 mil milhões de euros e agora são quase nulos. Este é um lucro perdido“, disse Grushko ao jornal russo Izvestia.
“Nova ordem” multilateral?
Vale salientar que os recentes “acordos” envolvendo a União Europeia e os Estados Unidos jogam por terra e desmentem categoricamente a posição da maioria dos setores da esquerda mundial, que vociferam a respeito de uma “nova ordem mundial”, onde o imperialismo, supostamente, já não daria mais as cartas, já não mais dominaria as relações comerciais em âmbito mundial. O fato incontestável, no entanto, é que a ofensiva da política imperialista no que diz respeito às imposições tarifárias nos quatro cantos do planeta (Ásia, Europa e América Latina) deixam claro que, mesmo diante de sua maior crise do pós guerra, o imperialismo segue impondo sua política de dominação, de ameaças e de superexploração dos povos através da “diplomacia do terror” e do uso da força militar.





