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Esquerda brasileira

O 8 de janeiro e os avisos do povo à uma esquerda surda

Jornalista de Brasil 247 questiona 'inércia' em relação ao que chama de 'tentativa de golpe', propagandeando uma interpretação para o ato bolsonarista que não atinge ninguém

O colunista do portal de esquerda Brasil 247 Moisés Mendes publicou, no último dia 5, um artigo intitulado 10 perguntas sobre o antes, o durante e o depois do 8 de janeiro, verbalizando considerações das direções pequeno-burguesas da esquerda sobre, claro, a manifestação bolsonarista ocorrida logo no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os questionamentos do jornalista, aparece:

“Por que não houve reação à tentativa de golpe? Um pouco mais de 5 mil pessoas invadem Brasília e 212 milhões de brasileiros ficam olhando a invasão pela TV. Nem no dia 8, nem no dia seguinte e nem dias depois houve qualquer articulação de resistência nas ruas pela democracia e em defesa da posse de Lula. Se houver outra tentativa de golpe, essa inércia irá se repetir?”

É uma pergunta importante, de fato. Porque a tentativa de derrubar a presidenta Dilma Rousseff desencadeou uma onda de mobilizações grandes, culminando na Esplanada dos Ministérios dividida em dois no dia da votação do impeachment, mas no segundo aniversário da manifestação bolsonarista, a realidade é de “inércia”, como diz o autor?

A julgar pela insistência da propaganda feita pela imprensa imperialista e quase todos os órgãos de esquerda do País, manifestações como as do último dia 10 de dezembro seriam colossais, porém, nem por acaso lembram sequer o começo das manifestações da luta contra o golpe em 2016. Poderia ser um problema da desmobilização geral da esquerda observada após a vitória eleitoral em 2022, porém manifestações muito mais distantes da realidade do povo brasileiro, como o apoio à Resistência Palestina? A resposta é não.

À luz dessa realidade, sobra uma resposta relativamente óbvia: nem as massas trabalhadoras brasileiras e nem mesmo o conjunto da esquerda pequeno-burguesa reconhecem a manifestação bolsonaristas de então como “atos golpistas”, apesar da insistência dos jornais do PIG (Partido da Imprensa Golpista) e das direções da esquerda nacional insistirem em tratar o ato de 8 de janeiro como tal. O que “Mendes” trata como “inércia”, nada mais é do que um alerta duplo dado pela população à esquerda.

Primeiro, não é porque Estadão, Folha e Globo estão diuturnamente chamando uma determinada manifestação de “golpe” que a população vai aceitar. E se nem eles conseguem convencer o povo, que dizer de Moisés Mendes ou da imprensa esquerdista?

Alguém poderia argumentar que uma das tarefas da vanguarda da esquerda consiste justamente em apontar direções em momentos de crise, porém passados quase dois anos, o problema de demonstrar que uma manifestação um pouco mais radicalizada do que o normal era, na realidade, uma mobilização golpista, permanece sem solução. A população não está convencida da tese. Isso já aponta para o segundo problema.

O fenômeno também diz muito sobre a confiança que a população deposita na imprensa imperialista, ou colocado mais claramente, na falta dela. Fica evidente que fora um círculo muito limitado de esquerdistas, ninguém está comprando essa propaganda de “golpe”, o que demonstra ainda o erro de cálculo cometido pelos setores da esquerda que se alinham a estes setor da burguesia.
A rejeição generalizada da população brasileira à imprensa imperialista é um dado central para responder às indagações de Mendes. Atenta à realidade, a extrema direita procura vincular órgãos como O Globo, Folha e Estadão ao PT, o que é uma demagogia, mas reforça um suposto alinhamento que não existe na prática.

Além de distorcida, essa propaganda mascara o verdadeiro papel desses veículos: servir à ordem imperialista enquanto utilizam o identitarismo e a defesa da institucionalidade burguesa como instrumentos ideológicos, eufemisticamente chamada “democracia”. Ao fazer insistir na tese sem pé nem cabeça de um golpe de Estado empreendido por senhores defecadores, vendedores ambulantes, manicures, o que Mendes e a esquerda pequeno-burguesa de conjunto fazem é somarem forças com esses órgãos, que por interesses mais concretos, promovem uma política que, em última instância, não se diferencia substancialmente das políticas neoliberais que atacam a classe trabalhadora.

Assim, a esquerda que se associa a essa política não apenas perde sua autonomia, mas também se torna cúmplice de um sistema odiado pela população. Além de não gerar entusiasmo popular, como observou Moisés Mendes, a adesão da esquerda a essa política atrelada ao imperialismo a arrasta para a mesma lama de desmoralização onde o setor da direita representante do imperialismo já se encontra.

Essa proximidade política com setores falidos da burguesia apenas agrava o afastamento das massas e intensifica a crise destacada por Mendes. A desmobilização do campo popular só será revertida se a esquerda romper com o imperialismo e buscar uma posição política independente.

É preciso adotar táticas que defendam efetivamente os direitos democráticos, priorizando um programa voltado às necessidades concretas dos trabalhadores: aumento salarial, geração de empregos e melhores condições de vida. Somente com essa mudança a esquerda poderá reverter a tendência de desmoralização observada por Mendes.

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