HISTÓRIA DA PALESTINA

O 1º palestino exilado por ‘Israel’ das terras ocupadas em 1967

Abd al-Hamid al-Sayih dedicou sua vida à luta contra o imperialismo e o sionismo

A ocupação da Palestina por “Israel” transformou em alvo qualquer figura que ousasse levantar a voz contra a colonização sionista. Abd al-Hamid al-Sayih, jurista, professor e patriota palestino, foi um desses nomes marcantes. Sua trajetória de luta, construída desde a juventude, o levou a ser o primeiro palestino exilado por “Israel” das terras ocupadas em 1967.

Nascido em Nablus, na Palestina, al-Sayih iniciou sua formação ainda muito jovem. Estudou nas escolas Khan e Rashadiyya Sharqiyya, complementando seus estudos com aulas religiosas em mesquitas. Em 1920, foi enviado ao Cairo, onde ingressou na Universidade de al-Azhar — um dos centros de formação islâmica mais respeitados do mundo. Ali se destacou nos estudos de jurisprudência e ciências islâmicas, recebendo, ao longo dos anos 1920, diplomas como o Ahliyya, o ‘Alimiyya e a certificação como especialista em xariá.

Ao retornar à Palestina em 1927, tornou-se professor no Colégio Najah de Nablus, e desde então participou ativamente da resistência contra o imperialismo britânico e o movimento sionista. Em resposta aos crimes provocadas pelo movimento sionista, como os confrontos de al-Buraq em 1929, al-Sayih passou a organizar a juventude e a população de Nablus para resistir à dominação estrangeira. Participou de congressos e fundou organizações, como a Sociedade da Juventude Muçulmana.

Teve boa relação com o mufti Haj Amin al-Husseini, e foi nomeado para cargos importantes no Judiciário islâmico: juiz da corte de xariá de Nablus (1935) e depois de Jerusalém. Após a Grande Greve de 1936, foi preso pelos britânicos e exilado por um ano. Mesmo com a repressão, seguiu atuando, chegando a secretário-geral do Conselho Supremo Muçulmano (1939–1940), depois juiz da Corte de Apelações em Jerusalém até 1948, quando, com a Nakba, passou a servir à administração jordaniana na Cisjordânia.

Com a unificação das duas margens do Jordão em 1950, al-Sayih tornou-se chefe das cortes de xariá da Jordânia e membro do Conselho de Bens Religiosos Islâmicos. Em 1964, participou do primeiro Conselho Nacional Palestino, onde foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Após a guerra de junho de 1967 e a ocupação da Cisjordânia por “Israel”, al-Sayih liderou a formação do Conselho Islâmico Superior de Jerusalém. Nomeado juiz-chefe da Cisjordânia, usou os púlpitos da mesquita de al-Aqsa para conclamar a população à resistência. Por esse motivo, em 23 de setembro de 1967, as forças de ocupação o expulsaram da Palestina — sendo o primeiro palestino a sofrer o exílio pelas mãos do regime sionista após a ocupação de 1967.

No exílio, seguiu lutando. Foi duas vezes ministro dos Bens Religiosos na Jordânia, chefe do Judiciário islâmico e professor universitário. Em 1968, organizou a Conferência de Amã para a defesa de Jerusalém. Em 1980, tornou-se fundador da Academia Real para a Pesquisa sobre a Civilização Islâmica. Em 1984, foi eleito presidente do Conselho Nacional Palestino, cargo que ocupou até 1993, quando se retirou da política por motivos de saúde.

Faleceu em Amã, Jordânia, e foi enterrado em Jerusalém, como desejava. Al-Sayih foi reconhecido em vida e postumamente por seu papel na defesa da Palestina: recebeu a medalha da Nahda (Jordânia), a Medalha do Mérito Intelectual (Marrocos) e a Estrela de Honra (Autoridade Palestina, 2013).

Chamado de “xeique vermelho” por suas posições progressistas, Abd al-Hamid al-Sayih dedicou toda sua vida à causa palestina. Sua biografia revela não só um jurista respeitado, mas um militante incansável, cuja expulsão simboliza a brutalidade do colonialismo sionista e a resistência inabalável do povo palestino.

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