No próximo dia 8 de setembro, na Assembleia Nacional da França (o parlamento francês) será votado o “voto de confiança” que foi convocado pelo primeiro-ministro francês, François Bayrou.
Ele é o segundo primeiro-ministro nomeado após o golpe de Estado dado por Emmanuel Macron, que nomeou chefes de governo de direita apesar de a esquerda ter saido vitoriosa nas eleições de junho de 2024.
A convocação do voto de confiança foi feita por Bayrou no dia 25 de agosto. Prevista no art. 49.1 da Constituição francesa, ela serve para a Assembleia Nacional afirmar que aprova o governo francês (cujo chefe é o primeiro-ministro). A medida é convocada após uma declaração de política geral ou a apresentação de um plano por parte do primeiro-ministro.
No caso, o Bayrou apresentou um plano de destruição neoliberal para 2026 (44 bilhões de euros em cortes, menos feriados, congelamento de benefícios), que gerou forte oposição em praticamente todos os setores políticos — tanto à esquerda quanto à direita, bem como na população francesa.
O voto de confiança foi convocado em função do anúncio desse plano. Bayrou precisa receber mais votos “a favor” do que “contra” para se manter no cargo. Se não conseguir essa maioria, todo o governo deve renunciar ao mandato. Conforme vem sendo noticiado em diversos órgãos de imprensa, os números são desfavoráveis ao primeiro-ministro: seus apoiadores somam 210 votos, enquanto que seus opositores (da extrema-esquerda à extrema-direita) totalizam 330 votos contra o governo.
Uma derrota de Bayrou significaria a queda do governo e acentua a instabilidade política que já persiste desde 2024, quando Macron perdeu sua maioria legislativa
Caso o governo caia, Macron poderá, nomear outro primeiro-ministro ou convocar eleições antecipadas, tendendo a enfrentar pressões ainda maiores, incluindo pedidos de renúncia.
Conforme noticiado pelo Le Monde, jornal do imperialismo francês, François Bayrou irá, no próximo domingo (31), responder a perguntas de Darius Rochebin (LCI), Myriam Encaoua (Franceinfo), Marc Fauvelle (BFM-TV) e Sonia Mabrouk (CNews).
Falando à emissora TF1, Bayrou declarou que “não estou distorcendo, exagerando ou dramatizando (…). O risco máximo é não fazer nada”, acrescentando que “o peso da dívida será de 67 bilhões” de euros este ano e “mais de 100 bilhões em 2029, segundo o Tribunal de Contas “, uma declaração que expõe que o plano serve para tirar dinheiro da população e dar para os bancos.
Conforme noticiado pelo Le Monde, citando a porta-voz do governo francês, o presidente Macron deu “seu total apoio” à “abordagem” de Bayrou, durante reunião do Conslho de Ministros. A porta-voz acrescentou que Macron considera que não houve “nem negação da realidade nem catastrofismo” por parte do executivo francês em relação à situação financeira da França e pediu “responsabilidade por parte dos partidos que desejam ser partidos de governo“. No decorrer da próxima semana, François Bayrou fará reuniões com líderes partidários, buscando apoio para o voto de confiança.
Em declaração dada nessa sexta-feira, Macron chamou uma possível nova dissolução do governo de “ficção política”, afirmando que a situação do governo francês não é um desafia intransponível, e apelou aos partidos a chegarem a um acordo para manter o governo de pé. O presidente francês declarou que pretende “executar até o fim” o seu mandato.
Analisando a crise do regime político do imperialismo na França, Rui Costa Pimenta, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), afirmou que outros países da Europa, como Alemanha e Inglaterra, estão vivendo o mesmo processo de crise do regime imperialista: “Há um desmoronamento dos regimes europeus ditos democráticos. Há uma repressão muito grande em vários países. Na França, a Le Pen, que era a candidata presidencial da extrema-direita, foi condenada, está inelegível. Macron, ele governa a revelia das eleições, é um governo bonapartista. O objetivo [do imperialismo] é manter viva a democracia liberal, mesmo sacrificando todos os direitos democráticos”.





