Na última segunda-feira (17), Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), participou de um evento em Angra dos Reis sobre a retomada da indústria naval brasileira. A cerimônia teve a participação de Alexandre Silveira, Magda Chambriard e Sérgio Bacci, respectivamente o ministro de Minas e Energia, a presidenta da Petrobrás e o presidente da Transpetro. A iniciativa aponta para uma mudança importante da política do governo e deve ser apoiada. O evento contou com o anúncio do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras e sediou a Feira de Negócios da Indústria Naval e Offshore Brasileira, empreendida pela Petrobras e o Ministério de Minas e Energia.
Essas iniciativas que visam desenvolver o país e gerar emprego, o que é uma boa notícia, vão na contramão de políticas de austeridade adotadas pelo governo nos últimos tempos e que não vêm dando certo em nenhum sentido. Muito importantes também foram as posições adotadas declaradamente durante o evento. Lula apontou corretamente para um dos principais motivos da situação econômica do país atualmente. Nas palavras dele:
“O que estava em jogo na questão da Lava Jato era a destruição da indústria de engenharia desse país e a tentativa de destruir a Petrobras. […] A Petrobras nasceu por persistência de um presidente da República, um dos poucos que tinha um espírito nacionalista. A Petrobras foi crescendo aos trancos e barrancos, mas sempre havia alguém que tinha a perspectiva de destruí-la. Passaram então a privatizar pedaços da Petrobras e diziam que era bobagem investir e que o bom era pagar dividendos.”
Em seu discurso, Lula culpa o imperialismo pela destruição da Petrobras e do boicote à indústria nacional, ainda que não fale diretamente:
“Diziam que era bobagem fazer sondas e plataformas aqui, porque custa menos. Mas quanto custa para o país, para o aprendizado tecnológico nosso? Quanto volta ao povo brasileiro? Obviamente é mais barato comprar de fora, mas temos que pensar no Brasil.”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também se colocou decididamente a favor da exploração da Margem Equatorial, mostrando que está em marcha uma reorientação política positiva do governo. A campanha contra a exploração do petróleo brasileiro sempre ocorreu, financiada e impulsionada pelo imperialismo. Portanto, encarar esse problema é fundamental para um governo nacionalista, como o de Lula.
“R$ 1 trilhão de reais em contribuição para a saúde e educação com a possível exploração da Margem. Como não defender isso? Temos que gerar empregos e renda para todo o país”, declarou Silveira em sua fala. O ministro também acenou para os trabalhadores, um gesto simbólico, mas que tem sua importância: “A Petrobras é essencial nesse processo e aqui fica nossa palavra de reconhecimento aos trabalhadores dessa empresa. Vocês permanecem firmes, mesmo em momentos difíceis. Defender a Petrobras é defender o Brasil.”
A presidenta da Petrobrás, Magda Chambriard também fez uso da palavra e defendeu a exploração do petróleo na Margem Equatorial. Segundo ela, a Petrobrás cumpriu todas as exigências do Ibama, mas ainda não obteve a liberação, o que mostra que se trata de um boicote ao país e não um problema técnico. Chambriard destacou a importância desse recurso a médio prazo para o país: “Segundo o plano estratégico, estamos comprometidos com o pré-sal até 2030. A partir daí, a reposição de reservas é urgente. E isso só será possível se explorarmos nossas novas fronteiras agora. Nesse contexto, é muito importante destacar a relevância da Margem Equatorial e da pesquisa do seu potencial.”
Além disso, a Petrobrás lançou uma licitação para adquirir oito navios gaseiros, o que irá triplicar a capacidade de transporte de gás natural e outros recursos. A frota conta hoje com 6 navios e passaria a ter 14. De acordo com reportagem do portal Brasil 247, a Petrobras também pretende adquirir mais 20 embarcações para outros fins.
Outra iniciativa importante anunciada pela Petrobrás é a busca por adquirir novos poços para exploração e produção de petróleo na África, mais especificamente na África do Sul, Angola e Namíbia. Segundo a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, a produção brasileira tende a declinar a partir de 2030, portanto é especialmente importante adquirir novas fontes de recursos.
Nesse momento de crise econômica e política mundial, é fundamental que o Brasil desenvolva sua indústria, que possui um potencial enorme. Fazer isso, no entanto, levará a um enfrentamento com o imperialismo e o capital financeiro internacional, que aposta na miséria do povo brasileiro. Sendo assim, é necessário mobilizar os trabalhadores para defender a Petrobrás, o desenvolvimento do país e a independência nacional contra o imperialismo.