Na última terça-feira (15), a Câmara dos Representantes do Missouri, nos Estados Unidos, debateu por quase quatro horas a Resolução Conjunta da Câmara 73 (HJR 73), que propõe restringir o acesso ao aborto no estado. A proposta, apresentada pelo deputado estadual republicano Ed Lewis, prevê que o procedimento seja permitido apenas em casos de emergências médicas, anomalias genéticas, estupro ou incesto, e somente nas primeiras 12 semanas de gravidez.
A deputada estadual democrata Elizabeth Fuchs, de St. Louis, criticou a resolução, afirmando que ela desrespeita a vontade das mulheres expressa nas urnas. “nós dizemos para acreditar e confiar nas mulheres, mas aqui não acreditamos nem confiamos quando elas votam por algo que protege seus corpos”, declarou Fuchs.
Ela também alertou para o risco de enfraquecimento do voto popular, questionando: “a legislatura de Missouri se arroga o direito de desfazer isso, de minar a vontade dos eleitores. Não importa quem está no poder — se estabelecermos esse precedente, isso vai continuar?”
Autor da resolução, Ed Lewis defendeu que a proposta reflete o desejo da maioria dos moradores do Missouri. “O que as pessoas queriam, e afirmaram repetidamente, está nesta HJR”, disse Lewis, argumentando que a interrupção da gravidez por conveniência não seria apoiada pela população. “Dizer que quero acabar com a vida de outra pessoa porque é inconveniente para mim não é algo que a maioria das pessoas no Missouri apoia”, completou.
A votação da HJR 73 na Câmara está prevista para a próxima quinta-feira (17). Caso aprovada, a resolução seguirá para o Senado estadual. Se passar por ambas as casas legislativas, a questão do aborto será submetida a um novo referendo em novembro de 2026, podendo anular os avanços garantidos pela Emenda 3, aprovada em 2024 por 52% dos eleitores do Missouri e que legalizava o aborto.
Os direitos das mulheres enfrentam ataques em escala global. Na Polônia, restrições ao aborto desde 2020 levaram a protestos massivos, enquanto na Argentina, conquistas como a legalização em 2020 estão sob ameaça de retrocessos. Em todo o planeta, a ofensiva conservadora contra os direitos democráticos continua golpeando a liberdade das mulheres.