Mesmo com o acordo de cessar-fogo, o número de mortos em Gaza continua subindo. Isso se deve, pois, uma vez possibilitada a reconstrução do país, muitos corpos contabilizados como desaparecidos estão sendo encontrados embaixo dos destroços das casas e edifícios destruídos pelas bombas de “Israel”.
Entre os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro foram contabilizados 27 novos mártires, sendo 24 de corpos encontrados embaixo dos destroços. Isso faz com que os números totais de mártires assassinados por “Israel” suba para 47.487, além dos 111.588 machucados.
Enquanto isso, um representante da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Basal, afirmou que 37 mártires foram encontrados em uma vala criada pelos invasores israelenses perto do Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza. Esses foram enterrados no Cemitério Beit Lahia Project.
Basal também reforçou que o inverno virá com tudo em cima da população de Gaza, afirmando que este “representará um grave perigo para a vida de centenas de milhares de cidadãos que vivem em tendas e casas em ruínas.”
Além disso, Basal também chamou atenção para a grande quantidade de soldados ocupantes israelenses remanescentes nas ruínas pelas cidades, representando um perigo para a vida dos civis que estão retornando a suas casas. Nesse sentido, pediu ajuda para organizações de direitos humanos para que “interviessem com urgência e imediatamente para salvar a vida dos cidadãos antes que seja tarde demais.”
Essa busca por desaparecidos, entretanto, é dificultada pela falta de equipamentos próprios para a escavação, estando a maioria destruído. De acordo com uma matéria do jornal Al Mayadeen, a ocupação destruiu cerca de 80% das máquinas locais, dificultando muito o processo de escavação e reconstrução das cidades.
Além de tudo, cerca de 60% de Gaza está sem água, ameaçando a vida de milhares de residentes e dificultando a reconstrução. Apesar do esforço do governo, existe uma falta significativa de caminhões-pipa e outros equipamentos necessários para a distribuição de água, uma vez que a maioria também foi destruído pelos bombardeios.
É importante lembrar que dos mais de 47 mil palestinos assassinados estão também mais de 17 mil crianças mortas tanto por soldados da ocupação quanto pelos bombardeios.
Outra coisa que é necessário se considerar é que isso indica que o número de mortos na Faixa de Gaza é muito menor do que o indicado. Devido à destruição da infraestrutura, a coleta de dados pelo Ministério da Saúde de Gaza ficou muito precária durante a guerra. Para se ter ideia da dimensão do problema, em maio de 2024 cerca de 30% das mais de 30 mil mortes não haviam sido identificadas pelo ministério.
Devido a essa situação de precariedade, o jornal médico Lancet realizou uma pesquisa sobre quais seriam os números reais de mortos em Gaza. O resultado demonstrou que os índices seriam cerca de 40% maiores do que os números atuais.
Isso faria com que, no final de junho do ano passado, o número de mortos fosse de 64.260, sendo 59,1% desse valor apenas de crianças, mulheres e idosos. Esses números representariam 2.9% da população de Gaza, ou 1 a cada 35 habitantes.
Os números apresentados não deixam dúvidas sobre a gravidade da situação: dezenas de milhares de mortos, corpos encontrados em valas comuns, infraestrutura reduzida a escombros e a população sobrevivendo em condições desumanas, sem água, eletricidade e acesso a cuidados médicos. Essa realidade não é uma consequência colateral da guerra, mas sim um projeto deliberado de extermínio, promovido por “Israel” com o apoio irrestrito do imperialismo norte-americano e europeu.
A resistência palestina, no entanto, segue firme. O povo de Gaza, mesmo diante da brutalidade da ocupação, não se rende e continua lutando pelo direito básico à existência. O massacre em Gaza é uma tragédia que exige resposta urgente de todos aqueles que defendem a luta dos povos oprimidos. A única saída para o povo palestino é a intensificação da resistência