Em pronunciamento público, o dirigente do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) Osama Hamdan afirmou que, apesar do acordo de cessar-fogo, “Israel” e seu primeiro-ministro, Benjamin Netaniahu, buscam retomar a agressão contra o povo palestino. Segundo ele, o governo israelense estaria determinado a minar o acordo e trabalha arduamente para isso, com tentativas flagrantes de escapar dos compromissos estabelecidos.
Hamdan denunciou que “Israel” violou o acordo ao não permitir a entrada de 50 caminhões de combustível diariamente e ao impedir o setor comercial de importar combustíveis de todos os tipos. Além disso, permitiu a entrada de apenas 15 casas móveis das 65.000 acordadas e bloqueou a entrada de materiais de construção e acabamento necessários para reconstruir hospitais.
“Israel” também impediu a entrada de equipamentos de defesa civil e a operação da usina de energia, enquanto suas forças continuaram avançando e se infiltrando diariamente. Durante dois dias inteiros, os deslocados palestinos foram impedidos de retornar às suas terras. Foram registradas 210 violações por aeronaves da ocupação, e 116 mártires foram mortos na primeira fase do cessar-fogo.
Hamdan afirmou que “Israel” atrasou a libertação de prisioneiros em todas as fases, deliberadamente adiando por vários dias a libertação do último grupo na primeira fase. Os prisioneiros palestinos foram ainda submetidos a espancamentos, humilhação e fome até o momento de sua soltura.
“Israel” também impediu a retomada do comércio através da passagem de Rafá, localizada na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, impedindo o acesso de dezenas de feridos e doentes, e avançou diariamente dezenas de metros no Corredor Filadélfia. Além disso, atrasou deliberadamente o início das negociações para a segunda fase e agora exige um novo acordo que contradiz os termos previamente estabelecidos.
Hamdan reafirmou o compromisso do Hamas em seguir com o acordo e avançar para a segunda fase, condenando a chantagem barata praticada por Benjamin Netaniahu e seu governo ao utilizar a ajuda humanitária como ferramenta de pressão. Ele exigiu a entrada imediata de ajuda humanitária vital e pediu que se exerça pressão sobre a ocupação para dar início às negociações da segunda fase.
O dirigente do Hamas concluiu o pronunciamento dizendo que a única solução justa para a questão palestina é garantir o direito à autodeterminação do povo palestino.
Ainda que as acusações do Hamas mostrem uma crescente nas provocações do Estado terrorista de “Israel” contra os palestinos, não há nenhuma demonstração pública de que o governo norte-americano, hoje comandado pelo republicano Donald Trump, esteja disposto a romper o acordo. Indo na contramão das agressões sionistas, Trump tem buscado reverter, em alguma medida, a política externa beligerante do Partido Democrata, que foi o grande artífice por trás do genocídio praticado por “Israel” ao longo de 15 meses.
Um artigo do jornal israelense Haaretz, por sua vez, também aponta que a postura agressiva do governo israelense responderia mais a conflitos internos do que propriamente ao plano do conjunto das forças sionistas. O jornal afirmou que a única forma de “Israel” receber os prisioneiros israelenses de volta não é prolongar a primeira fase, nem fazer passar fome a população da Faixa de Gaza, mas sim avançar para a segunda fase, que inclui parar a guerra e retirar-se da região, conforme estipulado no acordo de cessar-fogo.
O jornal acrescentou que a razão da recusa de Netaniahu em iniciar a segunda fase não está relacionada com os prisioneiros, nem mesmo com as necessidades da guerra, nem com o comportamento do Hamas e com as cerimônias que realizou para os prisioneiros. Em vez disso, ele estaria preocupado com a sobrevivência do seu governo, que depende da extrema direita. Esta, por sua vez, é a favor da manutenção da guerra, mesmo que esta esteja levando a sociedade israelense ao colapso.