Neste domingo (10), o primeiro-ministro de “Israel”, Benjamin Netaniahu, reafirmou que prosseguirá com a guerra na Faixa de Gaza, acusando o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) se recusa a depor as armas. “Esta é a melhor forma de acabar com a guerra e a melhor forma de encerrá-la rapidamente”, afirmou. Cinicamente, o genocida disse pretender entregar ao povo palestino um governo civil que não seja ligado nem ao Hamas, nem à Autoridade Palestina.
“Nosso objetivo não é ocupar Gaza, é libertá-la do terrorismo do Hamas.”
A decisão de Benjamin Netaniahu recente de avançar com a ocupação da Cidade de Gaza, aprovada pelo gabinete de segurança de “Israel”, surge em meio a um turbilhão de pressões políticas e uma crescente oposição internacional. O movimento está sendo visto até mesmo pela imprensa imperialista como um ato desesperado para garantir sua sobrevivência política.
A analogia de que a ofensiva pode se tornar um “novo Vietnã”, citada pelo ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, no jornal Il Messaggero, ecoa a preocupação dos aliados de Netaniahu. Tajani instou “Israel” a ouvir seus próprios militares e a evitar uma guerra de guerrilha prolongada. Ao mesmo tempo, chefes de Estado imperialistas, como o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, já anunciaram a intenção de reconhecer o Estado da Palestina. Este movimento, que o jornal norte-americano The New York Times descreveu como “uma declaração de independência do governo Trump”, é, na verdade, um distanciamento do governo israelense, na tentativa de pressioná-lo a abandonar a sua ofensiva fadada ao fracasso.
Apesar de Netaniahu defender a ocupação como “a melhor forma de acabar com a guerra”, sua decisão gerou uma intensa oposição dentro de sua própria coalizão. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, representantes da extrema direita israelense, criticaram a ofensiva por considerá-la uma “meia-medida”, que não garante a “vitória total”. Smotrich chegou a declarar que perdeu a fé em Netanyahu, afirmando que o premiê está abandonando uma estratégia de vitória decisiva.
A oposição interna se estende ao alto comando das Forças de Ocupação de Israel. Conforme reportado pelo periódico israelense Yedioth Ahronoth, o chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, manifestou “grandes preocupações” sobre a viabilidade da operação. Ele advertiu que a ocupação completa da Faixa de Gaza levaria anos e que a ofensiva na Cidade de Gaza, prevista para durar “dois a três meses”, poderia colocar em risco os cerca de 50 prisioneiros ainda detidos.
Os custos da ocupação de Gaza são imensos e insustentáveis. De acordo com o Yedioth Ahronoth, a operação poderia custar a “Israel” entre 120 e 180 bilhões de shekels (US$32 a 49 bilhões) anualmente, o que empurraria o déficit orçamentário para 7%. O Ministério das Finanças alertou que o país enfrentaria cortes “dramáticos” nos orçamentos de educação, saúde e assistência social, além de um possível rebaixamento de sua classificação de crédito.
Milhares de israelenses, incluindo familiares dos prisioneiros, têm ido às ruas de Telavive para protestar. Eles exigem que o governo priorize a libertação dos prisioneiros, e não a expansão da guerra.
Enquanto “Israel” se prepara para a ofensiva, a crise humanitária em Gaza atinge níveis ainda mais criminosos. O Ministério da Saúde de Gazaa informou que o número de mortos por fome e desnutrição subiu para 217, incluindo 100 crianças. Uma investigação do jornal The Guardian documentou que mais de 1.300 palestinos foram mortos enquanto buscavam ajuda humanitária em postos de distribuição.
Apesar da pressão do imperialismo para que Netaniahu reduza a agressividade, a situação segue em um impasse. Isso porque, ao mesmo tempo em que França e Reino Unido sinalizaram apoio ao Estado da Palestina, eles também estão exigindo o desarmamento da Resistência. Esta, por sua vez, reiterou que não irã se desarmar.





