Na última quarta-feira (9), temporais atingiram sete cidades do Rio Grande do Sul, deixando um rastro de destruição com alagamentos, destelhamentos e famílias desalojadas. Encantado, Chuí, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Cidreira, Balneário Pinhal e Palmares do Sul registraram danos, segundo a Defesa Civil estadual.
Na cidade de Encantado, moradores foram retirados de casa devido a movimentações de terra, enquanto em Cidreira e Balneário Pinhal a água invadiu residências, exigindo resgates pelo Corpo de Bombeiros. As chuvas, comuns nesta época, expuseram a fragilidade da infraestrutura local, agravada por anos de políticas neoliberais.
Em Encantado, a prefeitura acionou geólogos para avaliar os riscos, e bombeiros resgataram animais domésticos. Chuí teve vias públicas alagadas, com o Arroio Chuí subindo 1 metro, mas sem atingir casas. A cidade de Rio Grande registrou telhados arrancados pelo vento, e Santa Vitória do Palmar teve duas residências atingidas pelo temporal.
Em Cidreira, ruas como Begônia ficaram submersas, enquanto em Balneário Pinhal uma idosa foi levada ao pronto-atendimento após mal súbito. Palmares do Sul e Magistério também registraram famílias retiradas de suas casas.
Chuvas fortes são típicas do outono gaúcho, mas os estragos crescem a cada ano. Dados do INMETRO mostram que, em 2024, o volume pluviométrico no estado foi 20% superior à média histórica. A diferença está na falta de investimento público.
Segundo o orçamento estadual de 2025, R$15 bilhões — quase metade dos recursos — irão para o pagamento de dívidas com bancos, enquanto apenas R$2 bilhões foram destinados à infraestrutura. Cidades como a capital Porto Alegre já perderam 30% de suas redes de drenagem por falta de manutenção, conforme relatório da UFRGS.
O prefeito de Cidreira, Elimar Pacheco (PSB), declarou que “o município faz o que pode com o pouco que tem”. Moradores, porém, cobram obras emergenciais. Em 2023, outro temporal deixou 12 mortos no Vale do Taquari, evidenciando a repetição do problema. Enquanto isso, o governo federal cortou 25% dos repasses ao Fundo Nacional de Defesa Civil entre 2020 e 2024, segundo o Tesouro Nacional.
Situação caótica no Rio Grande do Sul se repete e não é obra da natureza, mas do neoliberalismo. A política de tirar recursos da população para engordar os lucros dos banqueiros deixou as cidades sem condições de enfrentar as chuvas. A falta de saneamento, drenagem e moradia digna transforma um fenômeno sazonal em tragédia.