Muito longe da propaganda demagógica que o Partido dos Trabalhadores (PT) vem empreendendo acerca da “soberania nacional”, a situação do governo Lula é cada vez mais complicada. A tentativa recente do presidente Lula de demonstrar apoio ao regime, por meio de um jantar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em apoio a Alexandre de Moraes, foi marcada pela ausência de metade dos convidados. Além disso, a falha do ministro Barroso em obter um manifesto unânime em defesa de Moraes — com seis dos 11 ministros se recusando a assinar — mostra que o próprio STF está indeciso sobre como proceder diante da pressão do governo norte-americano.
Apesar da declaração inicial do governo Lula de que não negociaria exigências políticas de um governo estrangeiro, estão ocorrendo tentativas de negociação com Trump. Essa contradição é mais um indício de que a situação está feia e levanta dúvidas sobre a capacidade do regime de resistir às pressões, especialmente no que diz respeito à possível anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tanta indecisão, diga-se de passagem, refere-se a apenas duas medidas tomadas pelo presidente norte-americano Donald Trump: a imposição de tarifas de importação e a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Trata-se, em grande medida, apenas de uma pressão diplomática e comercial exercida por Trump. Ainda que se trate de uma ingerência — e, portanto, algo condenável —, não é o equivalente às ameaças militares do imperialismo.
O governo brasileiro e o STF deveriam ignorar completamente essas ameaças. O bloqueio de cartões de crédito e contas bancárias não é o fim do mundo. Ainda que haja uma pressão interna de setores da burguesia — principalmente do setor de exportação de carne, que seria o mais afetado pelas tarifas —, não deveria haver nenhum tipo de concessão, pois nenhum governo estrangeiro deve influir na política nacional.




