O jornal O Futuro, órgão do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), publicou uma entusiasmada declaração de compromisso com o imperialismo no dia 24 de março, em um artigo intitulado Foz do Amazonas e Pelotas viram alvos da exploração de petróleo sob o Governo Lula-Alckmin. Opondo-se à política de extração de jazidas petrolíferas ainda desconhecidas – mas sabidamente enormes -, o partido que tem “comunista” no nome destaca:
“A empresa quer perfurar um poço a 159 km de Oiapoque (AP), próximo a três terras indígenas (Galibi, Uaçá e Juminã), mas, segundo documentos obtidos pelo Sumaúma, o plano da estatal para evitar desastres ambientais foi considerado insuficiente por especialistas.”
Um dado fundamental para desmascarar a fraude contida nesse argumento é que o poço não está localizado na “Foz do Amazonas”, mas em alto mar, a centenas de quilômetros da costa brasileira. O local é chamado de “Foz do Amazonas” para enganar incautos, dando a impressão de que as explorações aconteceriam nas praias do Norte, “próximo a três terras indígenas” como diz o órgão golpista ou algum ponto próximo da desembocadura do rio Amazonas, o que não é verdade em nenhum dos casos. Com esse primeiro e importante fato esclarecido, continuamos a exposição de O Futuro:
“Em relatório técnico do IBAMA, detalhado pelo Sumaúma, aponta que a Petrobras falhou em apresentar um plano emergencial para proteger espécies como peixes-boi e tartarugas marinhas em caso de vazamento. Além disso, a empresa não incluiu nos estudos os impactos sobre as terras indígenas Galibi, Uaçá e Juminã, onde vivem 4 mil pessoas dos povos Karipuna, Palikur e Galibi-Marworno. A omissão só foi possível porque a AGU emitiu um parecer dispensando a Petrobras da obrigação legal de consultar as comunidades, uma violação direta de tratados internacionais.”
O suposto parecer “insuficiente”, apontado por “especialistas”, segue o manual tradicional da sabotagem imperialista. Esses “técnicos” não são neutros: são burocratas da pequena burguesia, inteiramente inseridos na luta de classes e sensíveis — por formação e por interesses — à política das ONGs e do capital estrangeiro, o maior difusor da demagogia ambiental para a manutenção dos interesses dos monopólios petrolíferos. A esquerda revolucionária não pode depositar qualquer confiança nesse setor.
Quando o PCBR confere credibilidade a esses pareceres misteriosos, apenas reafirma seu distanciamento da política revolucionária de Vladimir Lênin, que jamais subordinaria o desenvolvimento de um país atrasado a pareceres de burocratas ligados ao imperialismo. A confiança do PCBR na burocracia comprova seu afastamento completo de qualquer orientação classista.
Quando uma ministra como Marina Silva, funcionária de ONGs imperialistas como a Open Society – do bilionário banqueiro George Soros – adota uma determinada posição política, o normal de um revolucionário seria opor-se, mesmo que sem pleno domínio do fenômeno em questão. O fato de o PCBR dedicar tanta confiança a essa burocracia e consequentemente, ao imperialismo, reforça o quanto o partido está distante da verdadeira política revolucionária de Lênin, que defendia o oposto do que faz a organização esquerdista.
“Enquanto a Foz do Amazonas enfrenta resistência, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tenta ‘vender’ a Bacia de Pelotas (RS/SC) como substituta estratégica, segundo reportagem do ClimaInfo. A região, que abrange partes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, é apresentada como “menos sensível” ambientalmente, mas especialistas alertam: a exploração offshore ali também carrega riscos de vazamentos, contaminação de aquíferos e impactos sobre a pesca artesanal.
(…)
O G1 destacou que o ‘sucessor do pré-sal’ pode estar no Sul, mas não mencionou os custos: perfurar em águas profundas exige tecnologia cara e parcerias com empresas estrangeiras, como Shell e BP, que já operam na região.”
Neste parágrafo, além de retomarem a farsa sobre a Foz do Amazonas — que, na verdade, se refere a blocos localizados em alto-mar —, os autores apelam para o desconhecimento da população ao sugerirem impactos indefinidos na Bacia de Pelotas. Ainda, alegam que a operação necessariamente exigiria parcerias com empresas estrangeiras como Shell e BP, o que é uma completa distorção.
A Petrobrás é pioneira na tecnologia de extração em águas profundas e continua sendo referência mundial nesse setor. As multinacionais só participam hoje como sócias parasitárias, após sucessivos ataques à soberania da estatal, iniciados a partir do golpe de 2016, que expoentes do PCBR como Jones Manoel apoiaram.
A verdadeira denúncia deveria ser contra essas associações espoliadoras — e não contra a exploração do petróleo em si. O PCBR, no entanto, omite essa crítica essencial e acaba reforçando a sabotagem contra a soberania energética nacional.
Fosse esse o problema, a luta do PCBR jamais seria contra a exploração pela Petrobrás, dos campos de petróleo da Bacia de Pelotas, mas contra a presença do imperialismo nessa operação, o que não é o caso, como fica reforçado no seguinte parágrafo:
“Enquanto a Petrobras promete ‘gerar empregos’, pescadores e ribeirinhos lembram o rastro do pré-sal, ‘no Espírito Santo, o petróleo trouxe dinheiro para poucos e poluição para muitos’, denuncia Raimundo Silva, líder comunitário do Amapá. O receio é respaldado por dados de que, em 2022, a Petrobras distribuiu R$215 bilhões em dividendos a acionistas, enquanto investiu apenas 13% do orçamento em energias renováveis, segundo relatório da empresa.”
Aqui, O Futuro evoca o problema real da distribuição de lucros da Petrobrás ao capital estrangeiro, mas o fazem de forma cínica. De fato, é preciso denunciar com veemência que a Petrobrás destinou uma fortuna fabulosa em dividendos aos acionistas, que faz falta ao País. A conclusão normal que se impõe diante dessa realidade é a defesa de uma Petrobrás 100% estatal, com a nacionalização do petróleo e o monopólio da commodity pela empresa, com seus lucros revertidos ao povo — e não a paralisação das atividades da empresa.
Quando usa esse ataque à soberania nacional para defender a suspensão a qualquer exploração da riqueza, o que o PCBR verdadeiramente faz não é combater o imperialismo, mas aprofundar a política sabotadora do País promovida pelos monopólios. Em vez de defender o controle nacional do petróleo, o partido ataca a principal ferramenta que o Brasil ainda possui para garantir sua soberania e impulsionar o desenvolvimento necessário tanto para a defesa do País, quanto para a melhoria do padrão de vida do povo.
O artigo do PCBR é, portanto, um exemplo claro da submissão à política imperialista: uma campanha contra a Petrobrás, contra o petróleo, contra o desenvolvimento nacional e, no fim das contas, contra os trabalhadores brasileiros. Por trás do nome “comunista”, o partido atua como braço auxiliar do imperialismo e deve ser denunciado como tal por todos os que lutam de fato pelos interesses do povo.