Por um lado, a imprensa golpista e a direita comemoraram as recentes pesquisas que apontaram uma queda expressiva na aprovação do presidente Lula (de 35% para 24%) e no apoio ao seu governo – principalmente entre o povo pobre, nordestinos e mulheres -, o que impulsionou a crise no interior do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT).
A imprensa procurou destacar, sem desmentidos do PT, que tais números causaram tensões dentro do partido e no governo. Em reunião de ministros petistas com Lula, sem a presença de Fernando Haddad (em viagem ao exterior), estes teriam apontado o ministro da Fazenda como principal responsável pela perda de apoio. Citaram o “imposto das blusinhas” e a proposta de controle do PIX da população pobre (que o governo teve que recuar), mas deixaram de lado o fato de que é um dos responsáveis pelo “plano” de “ajustes” que reduziu o reajuste do salário-mínimo, dentre outras medidas impopulares, no momento em que a inflação, principalmente dos alimentos, alcançou níveis insuportáveis.
Haddad e companhia têm conduzido uma política econômica voltada para atender aos interesses dos banqueiros e atacado duramente os setores mais pobres da população.
Enquanto surgem posições a favor de uma guinada à esquerda para recuperar a confiança da base popular, setores defendem a continuidade da mesma política, como o ministro Rui Costa, que condenou seu colega Wellington Dias, quando este declarou que estudava uma proposta de reajuste do mísero Bolsa-Família, congelado desde o governo Bolsonaro.
Do outro lado, e com expressivo apoio do PT e da esquerda parlamentar, a direita intensifica a perseguição política contra os bolsonaristas, com a reacionária PGR, por meio do procurador-geral Paulo Gonet, que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas, que pode levar a condenações de mais de 40 anos.
A denúncia deverá ser analisada pela Primeira Turma do STF, tendo como relator o ministro Alexandre de Moraes, e aponta no caminho de uma mais profunda crise institucional diante da tramitação no Congresso Nacional de uma lei de anistia que alcançaria os denunciados e centenas de pessoas já condenadas pelos protestos do dia 8 de janeiro de 2023.
O apoio da esquerda a essa política reacionária, muito semelhante à que foi adotada para impedir Lula de concorrer em 2018, é a expressão da continuidade da política anterior de apoiar e se sujeitar às iniciativas da direita, por meio da política de frente ampla, ou seja, de conciliação e capitulação diante da burguesia, cujos resultados são desastrosos.
A burguesia golpista, pró-imperialista e sem voto, busca cercar o governo Lula e perseguir Bolsonaro para abrir caminho para uma via de defesa dos seus interesses contra a imensa maioria do povo, em um momento de agravamento da crise do capitalismo em todo o mundo. A esquerda não deve ceder e nem apoiar essa política reacionária. Pelo contrário, é preciso romper com a política neoliberal de Haddad e dos banqueiros, e adotar uma política econômica voltada para o crescimento da economia e para a melhoria das condições de vida do povo trabalhador.
Substituir a atual equipe econômica, demitir os sabotadores e cavalos de Troia do governo. E adotar medidas concretas de aumentos dos salários e de geração de empregos formais, de qualidade e de combate ao parasitismo dos bancos e dos especuladores que dominam o país.