HISTÓRIA DA PALESTINA

Nasseralá e Safieddine, dois mártires da libertação do Líbano

Conheça um pouco da história desses dois mártires que serão sempre lembrados pelos oprimidos de todo o mundo

Em dos momentos de maior comoção da luta do povo árabe por sua libertação da dominação imperialista e sionista, dois grandes heróis da luta dos oprimidos, Hassan Nasseralá e Hashem Safieddine, foram enterrados em Beirute, no Líbano, no dia 23 de fevereiro. Conheça um pouco da história desses dois mártires que serão sempre lembrados pelos oprimidos de todo o mundo.

Hassan Nasseralá

Em 31 de agosto de 1960, nasceu um menino chamado Hassan na família Nasrallah. Ele era o mais velho de três irmãos e cinco irmãs, criado no bairro de Karantina, uma das áreas mais pobres e carentes do subúrbio oriental da capital libanesa, Beirute.

Hassan, que mais tarde seria chamado de “Sayyed” por ser descendente do Profeta Maomé, cresceria para mudar o curso da história da Ásia Ocidental, ousando desafiar as potências da arrogância, lideradas pelos Estados Unidos imperialistas e pela entidade de ocupação colonialista israelense.

Sayyed Nasrallah completou sua educação primária na escola al-Kifah e continuou seus estudos de nível médio na área de Sin el-Fil. Quando a Guerra Civil Libanesa estourou em abril de 1975, sua família retornou para sua cidade natal de Bazourieh, no sul do Líbano, onde ele concluiu seus estudos do ensino médio. Apesar de sua juventude, foi nomeado líder organizacional do Movimento Amal na cidade.

Durante seu tempo no sul do Líbano, ele conheceu o Imam da cidade de Tiro, Sayyed Mohammad al-Gharawi, que ajudou a organizar sua matrícula no seminário religioso de Najaf, no Iraque, no final de 1976.

Ele viajou para Najaf com uma carta de apresentação de al-Gharawi para o aiatolá Sayyed Mohammad Baqer al-Sadr, que demonstrou grande interesse nele. Al-Sadr, que mais tarde seria torturado e martirizado pelo regime de Saddam, confiou a Sayyed Abbas al-Mousawi, que mais tarde se tornaria o secretário-geral do Hezbollah, a tarefa de supervisionar e orientar o novo aluno, tanto academicamente quanto pessoalmente.

Líbano e eleição como Secretário-Geral do Hezbollah
Sayyed Hassan retornou ao Líbano em 1978 devido às práticas opressivas do regime Ba’athista no Iraque e continuou seus estudos e ensinamentos de estudos islâmicos no Seminário Imam al-Muntazar.

Em 16 de fevereiro de 1992, as forças de ocupação israelenses assassinaram Sayyed Abbas, juntamente com sua esposa e seu filho de cinco anos. O Conselho Shura do Hezbollah então se reuniu e escolheu Sayyed Nasrallah como secretário-geral do grupo, apesar de sua idade relativamente jovem em comparação com outros membros do conselho.

Inicialmente, ele rejeitou a decisão de ser eleito, pois tinha apenas 32 anos. No entanto, após a insistência deles, ele completou o restante do mandato de Sayyed al-Mousawi, que terminou em 1993, e foi reeleito várias vezes até seu martírio.

A liderança sábia do Hezbollah acreditava que Sayyed Nasrallah, que possuía qualidades de liderança únicas, uma personalidade carismática e fortes laços com as bases do grupo, era capaz de liderar o Hezbollah e a Resistência durante um período de grande sensibilidade política e de segurança dentro do país.

Libertação de 25 de maio de 2000

Em 25 de maio de 2000, após anos de batalhas ferozes entre a Resistência e as forças de ocupação israelenses, o Líbano conseguiu sua libertação histórica. Sayyed Nasrallah celebrou essa vitória ao descrever “Israel” como “mais fraco que uma teia de aranha”, simbolizando a derrota da imagem de invencibilidade do exército israelense.

Oferecendo seu filho como mártir

Um exemplo marcante da humildade de Sayyed Hassan e de como ele se considerava parte do povo foi o martírio de seu filho, Sayyed Hadi Nasrallah, enquanto lutava contra a ocupação israelense em 1997. A resistência libanesa continuou seu combate feroz contra as forças de ocupação até libertar o corpo de Hadi em 1998 como parte de uma troca de prisioneiros.

Unindo-se aos seus companheiros líderes no martírio

Três dias após um ataque aéreo israelense no subúrbio de Beirute, Hezbollah anunciou o martírio de Sayyed Hassan Nasrallah, unindo-se a outros grandes líderes da Resistência que dedicaram suas vidas à luta contra a ocupação israelense. O Hezbollah prometeu continuar a luta contra o inimigo, defendendo o Líbano e seu povo resiliente, seguindo o legado eterno de Sayyed Hassan.

Hashem Safieddine

Hashem Safieddine, nascido em 1964 na aldeia de Deir Qanoun En Nahr, no sul do Líbano, foi um importante clérigo xiita e líder do partido revolucionário libanês Hesbolá. Safieddine teve uma trajetória de destaque dentro da organização libanesa, sendo conhecido por sua proximidade com Hassan Nasseralá, secretário-geral do Hesbolá, com quem compartilhava laços familiares, já que eram primos maternos. Desde cedo, Safieddine seguiu o caminho religioso, estudando teologia nas cidades sagradas de Najaf, no Iraque, e Qom, no Irã, centros de aprendizado xiita.

Ele ingressou no partido ainda jovem e rapidamente ascendeu na organização. Em 1995, foi promovido ao Majlis al-Shura, o conselho consultivo mais alto do Hesbolá. Nesse cargo, ele trabalhou ao lado de Imad Mughniyeh, uma figura chave na estrutura militar do grupo, até a morte deste em 2008. Um dos momentos mais importantes de sua carreira foi em 2001, quando foi eleito presidente do Conselho Executivo do Hesbolá, posição que manteve até sua morte em 2024. O Conselho Executivo é responsável por supervisionar as atividades políticas, sociais e educacionais do grupo, e Safieddine desempenhou um papel crucial na expansão das operações do Hesbolá.

A partir de 2006, Hashem Safieddine foi apontado como um possível sucessor do líder do partido, ganhando destaque como um dos três principais líderes da organização, ao lado de Nasseralá e Naim Qassem. Sua lealdade a Nasseralá e sua proximidade com o regime iraniano consolidaram sua posição como figura central na organização. Ele também foi membro do Conselho de Jiade, que supervisiona as operações militares do Hesbolá.

Safieddine desempenhou um papel ativo em várias das operações do Hesbolá contra “Israel” e teve grande influência nas relações do grupo com o Irã. Ele foi descrito como sendo muito semelhante a Nasseralá, tanto em aparência quanto em oratória, o que reforçou sua posição como sucessor natural. Em 2017, o Departamento de Estado dos Estados Unidos o designou como Terrorista Global Especialmente Designado, devido ao seu papel dentro do Hesbolá, uma medida que foi seguida por sanções de vários países árabes, incluindo Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.

Apesar de suas atividades dentro do partido, Safieddine era uma figura familiar e foi casado com Raeda Faqih. Em 2020, seu filho mais velho, Reza, casou-se com Zeinab Soleimani, filha do general iraniano Qasem Soleimani, que havia sido morto em um ataque aéreo dos Estados Unidos.

Em 27 de setembro de 2024, Nasseralá foi morto em um ataque aéreo israelense, e Safieddine era amplamente considerado seu sucessor mais provável. No entanto, antes que pudesse assumir formalmente o cargo, ele próprio foi alvo de um ataque israelense em 3 de outubro de 2024, em Dahieh, um subúrbio de Beirute, conhecido como reduto do Hesbolá. O ataque, que também visou outros altos comandantes da organização, resultou em sua morte. O corpo de Safieddine foi encontrado dias depois, e tanto “Israel” quanto o Hesbolá confirmaram sua morte.

Safieddine foi descrito pelo partido revolucionário como um líder comprometido e um mártir da resistência contra a ocupação sionista. Sua vida foi dedicada à causa do Hesbolá, servindo como um pilar importante da resistência islâmica no Líbano e um elo crucial nas relações com o Irã. Sua morte, assim como a de Nasseralá, foi considerada uma grande perda para a resistência islâmica no país árabe, mas a organização prometeu continuar sua luta pela libertação da Palestina e pela resistência contra “Israel”.

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