Em artigo publicado pelo portal Vermelho, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Bernardo Gomes tenta apresentar as manifestações contra a PEC das Prerrogativas como uma suposta “virada à esquerda” e uma retomada da força popular nas ruas. Nada poderia ser mais falso. O que se viu foi uma operação articulada pela rede Globo e pelo imperialismo, mobilizando artistas de estimação, ONGs financiadas por capital estrangeiro e partidos pequeno-burgueses como o PSOL, para encobrir um ataque direto ao regime democrático de 1988.
O artigo reproduz a velha cantilena da imprensa capitalista: de que a PEC seria uma “blindagem” para parlamentares corruptos e assassinos. Na realidade, a proposta restabelecia um mecanismo essencial de qualquer regime pretensamente democrático: o direito de deputados e senadores não serem perseguidos pelo Judiciário golpista sem autorização do Parlamento. A própria Constituição de 1988 garantia isso, justamente como reação às arbitrariedades da ditadura militar.
O texto inverte a situação: transforma uma derrota da soberania popular em “vitória popular”. Oculta o papel da Globo, de Caetano Veloso e Paula Lavigne, que puxaram atos de rua em defesa da ditadura do Judiciário, fingindo tratar-se de uma pauta “da esquerda”.
O autor fala em “indignação popular” contra a PEC, mas a realidade é que as manifestações foram fabricadas por cima, sem qualquer ligação com as necessidades reais do povo. Enquanto milhões sofrem com desemprego e fome, a reivindicação empurrada pela Globo foi a defesa da suposta “impunidade zero” – a mesma retórica moralista que sustentou a Lava Jato e abriu caminho para o golpe de 2016.
É a consagração do Judiciário como poder supremo, acima do Legislativo e do voto popular. Trata-se de um golpe disfarçado de mobilização social.
O texto ainda tenta colocar partidos e movimentos populares como protagonistas. Na verdade, o que se viu foi o PSOL, o PCdoB e setores da burocracia sindical marchando sob a batuta da Globo. Em vez de defender as conquistas democráticas e a soberania do Parlamento, preferiram repetir palavras de ordem histéricas contra uma suposta “PEC do PCC”, ecoando a campanha mais reacionária da imprensa.
Não houve “virada à esquerda”. O que houve foi mais um ensaio de revolução colorida: mobilizações de fachada, pautadas por ONGs e pela grande imprensa, contra uma conquista democrática do povo brasileiro.




