O governo Lula comemorou como uma “conquista histórica” a recente mudança na tabela do Imposto de Renda, que amplia a faixa de isenção para quem recebe até cinco mil reais. A aprovação unânime no Congresso Nacional é usada como prova de consenso e habilidade política. No entanto, a realidade é outra: trata-se de uma medida de alcance limitado, que revela mais a fragilidade do governo do que sua força.
A tabela do imposto de renda deveria ser reajustada anualmente, de acordo com a inflação, algo que não vinha sido cumprido. Se tivesse sido, a faixa de isenção hoje estaria próxima de dez mil reais. O que foi aprovado não é uma correção estrutural, mas um paliativo tímido, que pode inclusive ser revertido com facilidade. O alívio real para os trabalhadores é mínimo, e o impacto social está longe de corresponder à propaganda oficial.
A facilidade com que a proposta passou no Congresso é indicativa de seu caráter moderado. Não há enfrentamento real com os bancos, o mercado financeiro ou a imprensa burguesa. O governo apresenta como vitória aquilo que, na verdade, é a confissão de sua paralisia. Em vez de mobilizar sua força social para impor medidas efetivas, como dobrar o salário mínimo, corrigir de fato a tabela do imposto ou ampliar os investimentos em programas sociais, limita-se a celebrar concessões inofensivas ao grande capital.
A “justiça tributária” tão alardeada não passa, neste caso, de uma gota no oceano. Enquanto isso, milhões de trabalhadores seguem sendo penalizados pelo peso da inflação e pela ausência de uma política econômica que enfrente os verdadeiros responsáveis pela crise.
O caso mostra que, diferentemente do período dos mandatos anteriores de Lula, a burguesia não está disposta a permitir qualquer programa social real. O que a burguesia quer, na verdade, é um governo que aplique uma política de guerra econômica contra o povo, como visto na Argentina.
Neste cenário, nenhum problema importante para os trabalhadores será resolvido com a atual política levada adiante pelo Partido dos Trabalhadores. Governar nos marcos impostos pela direita implica em se submeter a um conjunto de cortes sociais, em troca de medidas que não terão efeito nem na vida econômica da população, nem na popularidade do governo.





