O artigo intitulado Precisamos ouvir a sociedade civil em Israel, de autoria de David Diesendruck, publicado no portal Poder360, é uma peça de propaganda sionista que atinge níveis raros de perversidade intelectual. O autor tenta convencer o público brasileiro de que as manifestações em Telavive são uma “notável demonstração de resiliência” em defesa de uma suposta “democracia inclusiva”, e não uma explosão contra uma verdadeira ditadura. O que Diesendruck tenta esconder de forma criminosa é que essa “democracia” celebrada por ele é, na verdade, um privilégio exclusivo de uma casta de colonos, construída sobre o massacre, a expropriação sistemática e o regime de apartheid que martiriza o povo palestino desde 1948. Ao pintar os manifestantes como heróis da liberdade, o articulista busca absolver a própria sociedade que lucra e se expande sobre o solo roubado e o sangue de uma população mantida sob grilhões militares.
A perversidade do autor está em dizer que a “fissura profunda” no país é uma disputa técnica sobre a Suprema Corte, quando, na realidade, o que ferve em Telavive é a reação de uma sociedade que começa a perceber que o projeto sionista de apartheid atingiu seu estágio terminal de autodestruição. O autor ignora que o custo de manter um cerco genocida em Gaza e uma ocupação brutal na Cisjordânia é a ruína material e moral do próprio enclave. Ao falar em “proteção da essência do país”, Diesendruck oculta que essa “essência” é o crime de guerra permanente. Ele tenta transformar o medo da população — que se vê alvo de represálias e insegurança devido às aventuras militares — em um debate “acadêmico” sobre freios e contrapesos, um cinismo sem limites que apaga o sangue palestino para discutir manuais de direito constitucional para colonos.
. Ele se recusa a admitir que a “resiliência” que exalta é o fruto de um regime que transformou o país em um bunker genocida, onde a economia é sacrificada no altar do armamentismo e a segurança é uma miragem que se desfaz a cada nova agressão imperialista. Diesendruck reclama da “invisibilidade” dos moderados, mas o que ele realmente deseja é a invisibilidade do genocídio. Ele quer que o mundo olhe para as bandeiras nas ruas de Telavive para não ver os escombros e as fossas comuns em Gaza.
Por fim, ao atacar o isolamento internacional e o boicote a “Israel”, Diesendruck revela sua função de porta-voz do apartheid. Ele sai em defesa das instituições de um “país” que se tornou um pária mundial, alegando que o “cancelamento” pune quem trabalha pela “coexistência”. É uma mentira lavada: não existe coexistência possível dentro de um regime de ocupação e extermínio.
O autor tenta blindar a intelectualidade de “Israel” da responsabilidade pelo massacre, como se fosse possível desvincular a “sociedade civil” das mãos sujas de sangue do Estado que ela financia e defende. O que o articulista chama de “responsabilidade pelas próximas gerações” é, na verdade, uma tentativa desesperada de garantir a sobrevida de um projeto colonial falido que só tem a oferecer guerra e opressão.





